A Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável apelou ao Governo e aos partidos políticos para que "decidam desde já marcar fortemente a agenda de descarbonização de Portugal, através de uma decisão que conduza à proibição em 2030 da venda de automóveis novos que não tenham emissões locais iguais a zero".

Por seu lado, a Quercus salientou que a mobilidade elétrica "poderá e deverá ser uma das soluções para resolver os problemas de qualidade do ar e ruído nas áreas urbanas" e realçou o incentivo à sua promoção enquanto "meio de transporte individual, mas também ao nível das frotas públicas e privadas".

As associações ambientalistas transmitem as suas posições a propósito da divulgação de um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente a prever que as estradas europeias terão 500 mil veículos elétricos no final de 2016, depois das vendas terem duplicado no ano passado, apesar de representarem somente 1% do mercado.

Efeitos na saúde

Os efeitos da poluição sonora na saúde são muitos e podem aumentar o stress, provocar a perda de audição ou até mesmo favorecer o número de mortes por enfarte. De acordo com das da Organização Mundial de Saúde (OMS), 210 mil pessoas morrem de enfarte todos anos por exposição contínua a ruídos elevados.

Já as doenças causadas pela poluição ambiental (cardiovasculares, cancro do pulmão e outras doenças pulmonares crónicas e respiratórias) são responsáveis por uma morte em cada dez, seis vezes mais do que as causadas pela malária, de acordo com um relatório do Banco Mundial publicado em setembro.

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Em cada mil carros vendidos, apenas 7 são elétricos

Em Portugal somente 0,7% dos carros novos vendidos são elétricos. Os automóveis são responsáveis por 15% das emissões de dióxido de carbono da Europa e são a maior fonte de emissões no setor dos transportes, um dos mais problemáticos no que respeita à tarefa de combater as alterações climáticas. Em Portugal, o setor dos transportes é responsável por cerca de um quarto do total das emissões.

Ao pedir automóveis sem emissões, a Zero lembra que os parlamentos da Holanda, Noruega e Alemanha recomendaram, "de forma praticamente vinculativa", esta proibição - para 2025, nos dois primeiros países e para 2030 no terceiro.

A associação liderada por Francisco Ferreira aponta ainda que os veículos elétricos carregados com eletricidade produzida com baixas emissões, a maioria de fontes renováveis, é uma das principais opções para reduzir as emissões no transporte rodoviário de passageiros.

No âmbito do Orçamento do Estado para 2017, a Zero propôs maiores incentivos fiscais, nomeadamente ao abate e aquisição de veículos elétricos, com os valores a voltarem a níveis de 2015, ou seja, 4.500 euros, além de os particulares também puderem ter algum benefício fiscal em sede de IRS.

Apesar da redução dos incentivos fiscais à mobilidade elétrica, no início do ano, a Quercus considera positiva a tendência crescente nas vendas de veículos elétricos e híbridos 'plug-in', "um sinal de que os portugueses estão a aderir cada vez mais a esta forma de mobilidade sustentável".

Mas, "os maiores obstáculos para a adoção da mobilidade elétrica em Portugal continuam a ser o preço de venda e a autonomia dos veículos", salientou a associação ambientalista liderada por João Branco.

A nível europeu, a Quercus defende a definição de limites de emissão de dióxido de carbono ambiciosos para os novos veículos em 2025, uma maior rapidez na implantação da rede de infraestruturas da mobilidade elétrica, a proibição da circulação de veículos a gasóleo no centro das cidades e o fim dos impostos, ou a sua redução, nos veículos elétricos a bateria.