Estudos sobre nutrição são publicados, nos dias de hoje, à velocidade da luz em revistas científicas de referência em todo o mundo, mas algo parece ser consensual: alguns suplementos vitamínicos, sobretudo os ricos em betacarotenos e em vitaminas A, C e E podem acarretar riscos para quem tem hábitos tabágicos ou para quem sofre de doenças como o cancro.

Uma meta-análise publicada em 2006 pelo Instituto de Saúde Pública dos Estados Unidos, com base em 68 ensaios clínicos, iniciava as hostilidades: a prova científica da presença ou ausência de benefícios nos multivitamínicos e suplementos minerais na prevenção de doenças é absolutamente "insuficiente". Mais tarde, em 2013, um estudo publicado pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia, demonstra em ratos que alguns antioxidantes podem acelerar o crescimento de tumores, desaconselhando a toma de suplementos ricos em vitaminas A, C e E em doentes com cancro.

Outro estudo da Faculdade de Medicina de Nis, na Sérvia, e publicado pelo Journal of the American Medical Association (JAMA) em 2014, vai ainda mais longe: os betacarotenos e as vitaminas A e E estão associadas ao incremento da mortalidade na ordem dos 7%, 16% e 4%, respetivamente.

"Antes de mais o que há que frisar é que as pessoas devem ter uma alimentação rica em verduras e frutas, porque só e apenas os alimentos naturais contêm a proporção de nutrientes necessários ao ser humano", começa por explicar Javier Aranceta, médico, professor associado da Universidade de Navarra e presidente do Comité Científico da Sociedade Espanhola de Nutrição Comunitária.

"Uma suplementação vitamínima só é precisa quando a pessoa não consegue ingerir a quantidade de vitaminas, minerais e nutrientes de que necessita e deve ser prescrita por um médico e nunca tomada por iniciativa própria", salienta, "sob pena de ter efeitos nocivos".

O perigo dos antioxidantes

É aqui que entra o perigo dos antioxidantes quando tomados como suplementos no caso dos fumadores. "Os antioxidantes em contacto com os componentes do tabaco provocam alterações no corpo, aumentando a atividade proxidante que pode dar origem a doenças oncológicas e doenças cardiovasculares", salienta. "O melhor é procurar esses antioxidantes numa alimentação saudável e variada. E melhor ainda seria largar o tabaco", frisa.

Em relação aos doentes oncológicos, o médico frisa que estes devem ter uma dieta rica em antioxidantes naturais, sobretudo os provenientes dos frutos vermelhos, como os arandos, morangos, uvas, amoras, mirtilos, entre outros. "A maioria dos antioxidantes não estão ainda reproduzidos pela farmacologia, portanto o ideal é procurá-los numa alimentação saudável", assevera.

Carência de vitaminas e nutrientes na população

Para este professor universitário, "na sociedade atual é frequente uma situação de risco de ingestão inadequada de folato, vitamina D, cálcio, magnésio, ferro e zinco, entre outros".

"No Sul da Europa, contrariamente ao que se pensa, existe défice de vitamina D na população e esta é crucial no desenvolvimento do feto na gravidez e na manutenção das funções cognitivas em pessoas mais velhas", alerta ainda o professor.

Javier Aranceta recorda que durante a gravidez a suplementação é muitas vezes necessária. "Tanto o médico como a parteira devem dar orientações necessárias que no caso da alimentação deve ser dada de forma individual e de preferência com o acompanhamento de um nutricionista".

"As pessoas com situações especiais, doença crónica e os idosos podem precisar também de orientações individualizadas. O profissional de saúde deve indicar a possibilidade de complementar a sua dieta normal com alimentos enriquecidos, alimentos funcionais ou suplementos de vitaminas", explica.

Já "os atletas e pessoas com estilo de vida mais ativo podem precisar de um aporte extra de líquidos, nutrientes ou alimentos que deve ser valorizado de forma continuada", acrescenta o especialista.

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