“Esta situação vai deixar o Alentejo quase completamente desprotegido na área da Oncologia, o que é tremendo num hospital onde havia vários internos e que agrava a nossa preocupação”, porque, “saindo os especialistas, terão de sair também”, alertou José Manuel Silva.

José Manuel Silva falava à agência Lusa depois de a Ordem dos Médicos (OM) ter tido conhecimento da “saída de vários médicos oncologistas” do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), que é a unidade de referência nesta área para a região Alentejo.

Contactado pela Lusa, o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, disse que, recentemente, saiu o diretor do serviço de Oncologia do HESE, que “rescindiu o contrato”, devendo sair, “no final deste mês, outra médica” do mesmo serviço.

“A equipa tem outros três elementos” e, “a partir do próximo mês, esperamos que já haja algumas prestações de serviços”, por tarefeiros especialistas em Oncologia, que permitam “até ultrapassar as necessidades regionais”, para “impedir qualquer perturbação da prestação de cuidados aos utentes”, frisou.

A saída oncologistas do HESE, a par de profissionais de radiologia do mesmo hospital, já levou a Câmara e a Assembleia Municipal de Évora, na passada sexta-feira, a manifestarem-se preocupadas e a pedirem uma reunião à ARS.

Para o bastonário da OM, esta situação é “mais um exemplo” das “crescentes dificuldades que o Serviço Nacional de Saúde coloca ao exercício da medicina e ao tratamento dos doentes de acordo com as boas práticas”.

“A culpa do que está a acontecer no Alentejo, e que vai prejudicar todos os doentes oncológicos da região, é do Ministério da Saúde e é resultado dos cortes” no setor, acusou.

O responsável disse também ter tido conhecimento de que “vão ser contratados médicos tarefeiros” para o HESE “para procurar colmatar esta falha grave” na Oncologia.

“Tarefeiros não permitem um tratamento adequado dos doentes. Um doente oncológico não pode ser tratado hoje por um oncologista, amanhã por outro, sem qualquer tipo de seguimento”, criticou.

Questionado sobre se estas saídas afetam os hospitais da região (não só Évora, mas também Portalegre, Elvas, Litoral Alentejano e Beja), o presidente da ARS frisou que “tal não vai acontecer” e disse que a contratação de tarefeiros é temporária.

“De um mês para o outro não se conseguem arranjar contratos individuais de trabalho e, portanto, até conseguirmos fechar esses contratos, vamos ter algumas prestações de serviço que estão a colmatar todas as nossas carências”, referiu.

Segundo José Robalo, “neste momento, não só o HESE mantém a sua prestação de cuidados de Oncologia, mas também os outros hospitais da região continuam a manter essa prestação".

"Não houve qualquer falha”, assegurou.

Em comunicado divulgado hoje, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) informou que, “em resultado das diligências efetuadas, continua a estar assegurada a manutenção da prestação de cuidados de Saúde no âmbito da Oncologia, com a substituição do médico por um outro médico da mesma especialidade”.