"Milhões de pessoas com o VIH ainda estão excluídas de um tratamento que salva vidas e que também previne a transmissão a terceiros", disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, citada num comunicado da organização sediada em Genebra. "O autodiagnóstico do VIH deverá abrir a porta a muito mais pessoas para que saibam o seu estado e para que descubram como receber tratamento e aceder aos serviços de prevenção", acrescentou a responsável.

Nas vésperas do Dia Mundial da Sida, que se assinala na quinta-feira (01/12), a OMS divulgou novas orientações sobre o autodiagnóstico, que permite que as pessoas saibam, através de uma análise aos seus fluidos orais ou a uma picada no dedo, se estão ou não infetadas com o vírus, num local privado e conveniente. Os resultados estão prontos em 20 minutos ou menos.

As pessoas que tiverem um resultado positivo são aconselhadas a realizar testes de confirmação nos serviços de saúde e a OMS recomenda que recebam informação e que sejam encaminhadas para aconselhamento e para serviços de prevenção e tratamento. Segundo a organização, a falta de diagnóstico de VIH é um enorme obstáculo à recomendação da OMS de que todos os infetados devem receber terapia antirretroviral (ART, na sigla em inglês).

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Um relatório da OMS revela que mais de 18 milhões de pessoas com VIH estão atualmente a receber ART, mas outras tantas pessoas não recebem ainda tratamento, a maioria das quais por desconhecer que está infetada. Hoje, 40% de todas as pessoas com VIH (mais de 14 milhões) ainda desconhecem o seu estado, muitas das quais estão em grupos de risco de infeção, mas consideram difícil aceder aos serviços de diagnóstico existentes.

Cobertura do diagnóstico mais baixa nos homens

Entre 2005 e 2015 a proporção de pessoas com VIH que já sabe o seu estado aumentou de 12% para 60% em todo o mundo. Das pessoas que já têm um diagnóstico, mais de 80% estão a receber ART. Mas a cobertura do diagnóstico do VIH permanece baixa em alguns grupos, sendo mais reduzida nos homens do que nas mulheres, por exemplo.

Os homens representam apenas 30% das pessoas que fizeram testes de diagnóstico do VIH. Como resultado, os homens com VIH têm menor probabilidade de estarem diagnosticados e em tratamento e têm maior probabilidade de morrer de causas associadas ao vírus do que as mulheres.

Entre as mulheres, as adolescentes e jovens mulheres na África Oriental e Austral têm taxas de infeção até oito vezes mais altas do que os homens nas mesmas regiões e menos de uma em cada cinco das jovens entre os 15 e 19 anos sabem se estão ou não infetadas.

O diagnóstico é também baixo em algumas populações chave, como os homens que têm sexo com homens, os trabalhadores sexuais, os transgénero, as pessoas que injetam drogas e os reclusos, que representam aproximadamente 44% dos 1,9 milhões de novos casos de infeção por VIH em adultos no ano passado.

O autodiagnóstico duplica a frequência com que os homens que têm sexo com outros homens fazem o teste do VIH.

Cerca de 70% dos parceiros de pessoas com VIH também estão infetados e muitos deles não estão diagnosticados.

As novas diretrizes da OMS recomendam formas de ajudar as pessoas que estão infetadas a informar os seus parceiros e a encorajá-los a fazer o teste.

Atualmente, 23 países já têm políticas nacionais que apoiam o autodiagnóstico do VIH e muitos outros estão a desenvolver políticas nesse sentido, mas uma implementação abrangente do autodiagnóstico continua limitada.

A OMS recomenda a distribuição gratuita de kits de autodiagnóstico do VIH e outras medidas que permitam reduzir o custo dos kits, de forma a aumentar o acesso.