4 de junho de 2014 - 11h40
A obesidade, a doença celíaca e outras patologias até agora associadas a stress ou ansiedade podem vir a ser explicadas com alterações no ecossistema de micróbios do intestino humano.
“Muitas das perturbações do nosso organismo que têm sido atribuídas a fatores como o ambiente, os hábitos de vida ou o stress são muito mais influenciadas pelo ambiente microbiológico do tubo digestivo e não tanto pelos fatores a que atribuíamos responsabilidade”, explicou à Lusa o presidente da Sociedade de Gastrenterologia, Leopoldo Matos.
Até a obesidade pode estar relacionada e ser influenciada pelas alterações do ecossistema microbiano que habita o intestino humano – a microbiota.
Modificações na micorbiota estão atualmente a motivar a curiosidade e investigação da comunidade científica e surgem como estando cada vez mais associadas a distúrbios intestinais como a doença inflamatória do intestino, doença celíaca ou doenças metabólicas.
Na Semana Digestiva que hoje arranca, as doenças do fígado são outros dos assuntos em destaque, em particular a nova medicação contra a hepatite C.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia frisou que os novos fármacos “garantem, pela primeira vez, uma eficácia muito perto de 100%, o que significa a erradicação do vírus do organismo infetado”.
Outra das caraterísticas da nova medicação é a ausência de efeitos secundários significativos.

Medicamento à espera de aprovação
A autoridade do medicamento em Portugal ainda não aprovou o uso do novo fármaco para a hepatite C, que tem sido reclamado de forma insistente pelas associações de doentes e até pela Ordem dos Médicos.

Leopoldo Matos lembrou que as dificuldades de acesso à nova terapêutica são “um problema universal e não exclusivo de Portugal”, indicando que o preço dos novos medicamentos é “inatingível”, na maioria das economias nacionais, para o número de doentes infetados com hepatite C.
Contudo, o especialista recordou que as sociedades científicas têm criado regras rigorosas que permitem avaliar os doentes que mais cedo precisam das novas moléculas de tratamento.
“Não é paradigma da comunidade médica discutir o preço ou os modelos de financiamento [dos fármacos]. Entendemos que o caminho que os governos financiadores e a indústria [farmacêutica] devem fazer é o de um encontro de interesses e objetivos. Da parte médica, qualquer terapêutica com a qualidade e eficácia da que estamos a falar, desejamos sempre que seja para ontem”, declarou à Lusa o presidente da Sociedade de Gastrenterologia.
Por Lusa