Este sistema "retira dos centros e das urgências hospitalares um número significativo de utentes, que podem ser diagnosticados, seguidos e auxiliados nas suas residências", indicou à Lusa um dos responsáveis pelo projeto, Vítor Hugo.

O RUDAC - Unidade Remota de Análise e Controlo, tal como foi concebido, permite, por exemplo, avaliar o nível de glicose, determinar a tensão arterial, medir a temperatura e o pH da saliva e da urina e analisar a retina.

Alertar para a toma da medicação, dar instruções audiovisuais para a sua administração, marcação de consultas e repetição de análises são outras das funcionalidades do sistema, ao qual podem ser inseridos mais sensores.

Não substituindo as análises de laboratório, "tem por princípio o conceito de triagem, com aconselhamento imediato, audiovisual, por um profissional de saúde que, mesmo fisicamente afastado, pode recomendar procedimentos", explicou o investigador.

"Um clínico que presta apoio domiciliário e que não pode estar permanentemente com o doente, tendo um aparelho deste género, consegue programar o tempo de recolha dos dados do paciente, que lhe são enviados, e, através de um computador ou de um ‘smartphone', analisá-los, podendo dar indicações ao paciente, mesmo à distância".

Além disso, e "mais importante", é útil para as pessoas que vivem isoladas em locais remotos, onde não existem médicos ou centros de auxílio disponíveis, e para pessoas com dificuldade de locomoção, que podem utilizar o equipamento em casa e partilhar a informação com o seu médico.

O facto de permitir uma comunicação bidirecional, possibilita uma troca de informações entre o clínico ou familiar e o paciente, bem como a transferência do contacto diretamente para o 112, caso o médico não esteja disponível naquele momento ou a situação seja urgente.

A ideia para a criação do sistema surgiu a partir das constantes notícias sobre a "falta de profissionais de saúde nos respetivos centros", as "longas e indetermináveis filas para obtenção de consultas" e as "urgências sem capacidade de intervir em casos considerados graves", devido ao excessivo número de utentes.

Neste projeto, juntamente com Vítor Hugo, fazem parte o investigador Alexandre Riera, antigo aluno do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), e o consultor económico e financeiro José Braga.

Segundo o consultor, a fase seguinte é a produção do equipamento, visto que o sistema está todo testado, sendo necessário um "investimento externo para produzir o equipamento ou alterar algum já existente, e que o faça expandir".