“Esta decisão é errada e penalizadora não só para as Caldas da Rainha como para toda a região em que se insere”, afirmou a deputada socialista Sara Velez, eleita pelo distrito de Leiria, reportando-se ao anúncio feito pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, de que o novo Hospital do Oeste será construído no Bombarral.

A posição foi assumida na terça-feira à noite, num vídeo enviado pela deputada natural das Caldas da Rainha para ser transmitido numa Assembleia Municipal extraordinária que teve como ponto único a localização do futuro hospital.

Sara Velez afirmou na mensagem já ter transmitido ao ministro que “não podia concordar com a localização escolhida”, por considerar que não se coaduna com “o que está previsto nos instrumentos de ordenamento do território”, bem como outros critérios que considera não estarem acautelados.

Nomeadamente, “a capacidade critica urbana que é necessário ter no apoio a um equipamento desta natureza, aos serviços que têm que existir ao seu funcionamento, à centralidade urbana e territorial e à respetiva capacidade de interatividade, à forma como a nova unidade se irá integrar na rede hospitalar e aos muitos importantes motivos históricos e identitários e culturais, entre outros”.

Sara Velez disse juntar a sua à voz da autarquia e da população que contestam a localização, manifestando “apoio a todas as iniciativas que defendam as nossas [das Caldas da Rainha] instituições e nosso hospital”, concluiu.

Idêntica posição foi na mesma sessão assumida pelo deputado social-democrata Hugo Oliveira (PSD), numa mensagem gravada em vídeo em que sublinhou o “trabalho conjunto” que tem desenvolvido com Sara Velez na Assembleia da República no que toca a esta “matéria supra partidária”.

“Quem decide tem que ter uma visão do território”, afirmou, sustentando também que a decisão do ministro não respeita o Plano Regional de Ordenamento do Território e ressalvando que “a necessidade instalada para dar reposta [em termos de saúde] é nas Caldas da Rainha”.

Hugo Oliveira alertou ainda para “os impactos devastadores” que o concelho das Caldas da Rainha terá se perder o hospital local e exortou a população a “juntar-se em ações de reivindicação e contestação”, sugerindo que as mesmas sejam “musculadas e objetivas”.

As mensagens dos dois deputados foram transmitidas na sessão que contou com cerca de 500 populares, que apoiam a realização de protestos para impedir que o novo hospital seja construído no Bombarral.

O novo Hospital do Oeste substituirá o atual Centro Hospitalar do Oeste (CHO), que integra os hospitais das Caldas da Rainha e de Peniche, no distrito de Leiria, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa.

Em novembro de 2022, a OesteCim entregou um estudo encomendado à Universidade Nova de Lisboa para ajudar o Governo a decidir a localização, documento que apontava o Bombarral como a localização ideal.

Em março, as câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos entregaram ao ministro um parecer técnico a contestar os critérios utilizados no estudo, a defender que fossem tidos em conta outros critérios e que a localização do novo hospital deveria ser na confluência daqueles dois concelhos.

Em junho, o ministro anunciou que a nova unidade será construída na Quinta do Falcão, no Bombarral, substituindo os três hospitais do CHO.

Estas unidades têm uma área de influência constituída por estes concelhos e os de Óbidos, Bombarral (ambos no distrito de Leiria), Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa) e de parte dos concelhos de Alcobaça (Leiria) e de Mafra (Lisboa), abrangendo 298.390 habitantes.