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Prémio distingue dois investigadores norte-americanos e um alemão
7 de outubro de 2013 - 11h37 (última atualização)
James Rothman (Universidade de Yale), Randy Schekman (Universidade da Califórnia em Berkeley) e Thomas C. Südhof (Universidade de Standford) são os galardoados de 2013 com o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina, pelas suas descobertas no sistema de transporte essencial nas células.
Os cientistas, que trabalham em universidades norte-americanas, foram distinguidos pelo Instituto Karolinska, em Estocolmo, pelas "suas descobertas sobre o mecanismo de transportes para o interior da célula que permite que "as moléculas sejam transportadas no momento exato para o local certo dentro da célula", informou o comité Nobel.
O júri destacou que os três premiados permitiram assim conhecer com precisão os princípios que explicam como as moléculas se transportam para os compartimentos corretos das células nos momentos essenciais do organismo. Estas descobertas tiveram um impacto importante na compreensão de como as moléculas são colocadas dentro e fora da célula e têm implicações para o trabalho em várias doenças, incluindo distúrbios neurológicos e imunológicos, bem como diabetes, acrescentou o comité do Nobel.
Os trabalhos dos três investigadores, como explicou o secretário-geral do comité Nobel, Gorän K. Hansson, são fundamentais na definição de que cada célula funciona como uma fábrica que produz e exporta moléculas.
"Por exemplo, a insulina é produzida e libertada no sangue e sinais químicos [neurotransmissores] são enviados de uma célula nervosa para outra. Estas moléculas são transportadas através da célula em pequenos pacotes chamados vacuolos", explica o comité, cita a agência Lusa.
Investigadores
Randy Schekman sempre revelou o seu fascínio sobre como as células organizam o seu sistema de transporte e utilizou fungos como modelo de estudo nas suas investigações.
James Rothman foi responsável por identificar os componentes críticos da máquina de transporte celular.
Thomas Südhof focou-se em como as células nervosas comunicam umas com as outras no cérebro e como conseguem alcançar uma ligação nos momentos essenciais.
O prémio, no valor conjunto de 925 mil euros, é entregue em cerimónias oficiais em Estocolmo no dia 10 de dezembro, data em que se assinala a morte do fundador do galardão, Alfred Nobel, em 1896.
Este ano, segundo informa o secretário do comité Nobel, receberam-se 380 nomeações candidatas para o Nobel da Medicina. Na terça-feira, será a vez do prémio para a área da Física, seguindo-se o galardão da Química (dia 09), Paz (dia 11) e Economia (dia 14), de acordo com o calendário oficial divulgado pela organização.
No ano passado, o prémio Nobel da Medicina foi atribuído aos científicos Shinya Yamanaka e John B. Gurdon pelas suas contribuições chave no âmbito da reprogramação celular.
James E. Rothman (1947) é o chefe do Programa de Biologia Celular da Universidade de Yale (EUA), onde trabalha desde 2008. Desde os anos setenta, trabalha na compreensão dos mecanismos de regulação celular e como estruturas chamadas vesículas (pequenas estruturas globulares que transportam hormonas, moléculas de crescimento e outras moléculas nas células) conhecem o seu exato destino.
O trânsito celular é a chave que explica o funcionamento de muitas funções corporais.
Desde que se licenciou pela Universidade de Yale em 1971, passou pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, pela Sloan Kettering Memorial Cancer Center, em Nova Iorque, pela Universidade de Columbia, Harvard e Stanford. O Prémio Nobel é o mais recente de uma longa lista de galardões, como os prémios Rei Faisal de Ciência (1996), Fundação Gairdner (1996), Louisa Gross Horwitz Columbia University (2002), Lasker (2002) ou o Kavli Neuroscience (2010).
Randy Shekman (1948) é um investigador do Instituto Médico Howard Hughes e professor de Biologia do Desenvolvimento na Universidade de Berkeley (EUA).
O seu trabalho enquanto investigador esteve sempre focado no estudo do transporte de moléculas e foi importante para a indústria da biotecnologia, nomeadamente para a produção de proteínas tais como a insulina e o fator de crescimento.
Thomas Shüdhof (1955) focou a sua investigação no estudo da sinapse, um processo de troca de informações que permite aos neurónios comunicar-se entre si para permitir que o corpo execute funções.
No seu laboratório na Universidade de Stanford, Südhof estudou essa troca de informações entre os neurónios e como defeitos no processo de sinapse podem estar envolvidos nas doenças de Alzheimer ou autismo.
Apesar de ter nascido em Göttingen, na Alemanha, Shüdhof passou praticamente toda a sua vida nos Estados Unidos, para onde se mudou em 1983, após graduar-se em Medicina na Universidade de Göttingen, em 1982.
Iniciou os seus estudos de pós-doutoramento na Universidade do Texas, passou pelo Instituto Howard Hughes e em 2008 mudou-se para Stanford, onde trabalhou nos últimos cinco anos em doenças como o Alzheimer ou autismo. Em 2008, venceu o prémio Lasker.
Os últimos dez vencedores do Nobel de Medicina:
2012: Shinya Yamanaka (Japão) e John B. Gurdon (Reino Unido), por trabalhos com células estaminais
2011: Bruce Beutler (EUA), Jules Hoffmann (França) e Ralph Steinman (Canadá), por descobertas sobre o sistema imunitário do corpo humano
2010: Robert Edwards (Reino Unido), pelo desenvolvimento da fertilização in vitro
2009: Elizabeth Blackburn (Austrália-EUA), Carol Greider e Jack Szostak (EUA), pela descoberta de uma enzima que protege as extremidades dos cromossomas
2008: Harald zur Hausen (Alemanha), pela descoberta do vírus do papiloma humano (HPV), causador do cancro de colo do útero; Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier (França), por descobertas sobre o vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa Sida
2007: Mario Capecchi (EUA), Oliver Smithies (EUA) e Martin Evans (Reino Unido), por trabalhos com células-tronco e manipulação genética em modelos animais
2006: Andrew Z. Fire (EUA) e Craig C. Mello (EUA), pela descoberta da ribointerferência, um mecanismo exercido por moléculas de RNA
2005: Barry J. Marshall (Austrália) e J. Robin Warren (Austrália), pela dascoberta da bactéria Helicobacter pylori e seu papel na gastrite e úlcera do estômago
2004: Richard Axel (EUA) e Linda B. Buck (EUA), por descobrir os recetores de cheiro e a organização do sistema olfativo
2003: Paul C. Lauterbur (EUA) e Peter Mansfield (Reino Unido), pela invenção da ressonância magnética nuclear
Nuno de Noronha, com agências
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