Os investigadores norte-americano William C. Campbell, japonês Satoshi Omura e chinesa Youyou Tu foram esta segunda-feira galardoados com o Prémio Nobel da Medicina, segundo um comunicado da Academia Sueca.

Nobel da Medicina 2015
Nobel da Medicina 2015 créditos: AFP

Campbell e Omura foram distinguidos pelas descobertas relacionadas com uma nova terapia para combater infeções provocadas por parasitas nemátodos, como lombrigas, enquanto Youyou Tu vai receber o prémio por uma inovadora terapia contra a malária.

William Campbell nasceu na Irlanda em 1930 e é investigador emérito na Universidade Drew (EUA). Satoshi Omura, nascido em 1933 no Japão, é professor emérito na Universidade de Kitasato, no Japão. Ambos partilham metade do prémio.

A outra metade será entregue à cientista Youyou Tu, nascida em 1930, investigadora na Academia de Medicina Tradicional Chinesa.

"As doenças provocadas por parasitas têm afetado a humanidade há milénios e constituem um problema sanitário global. Em particular, as doenças parasitárias afetam as populações das regiões mais pobres do mundo e representam uma grande barreira à melhoria da saúde e do bem-estar. Este ano, os laureados pelo Novel desenvolveram terapias que revolucionaram o tratamento de algumas das mais devastadoras doenças parasitárias", lê-se no comunicado.

Sobre Campbell e Omura, o Comité Nobel realçou a descoberta de um novo medicamento, Avermectin, o que tem permitido baixar significativamente a incidência da Cegueira dos Rios e a Filariose Linfática (Lymphatic Filariasis), também conhecida por Elefantíase Tropical, causada por vermes parasitas do tipo Filarioidea.

Por outro lado, a nova droga tem mostrado "eficácia" noutro tipo de doenças parasitárias.

Já em relação a Youyou Tu, o comité destacou a descoberta da Artemisinin, um medicamento que tem reduzido significativamente a taxa de mortalidade em pacientes que contraíram malária (também conhecido como paludismo).

"As duas descobertas concederam à humanidade meios poderosos para combater este tipo de doenças debilitadoras que afetam anualmente milhões de pessoas em todo o mundo. São imensas as consequências para a melhoria da saúde humana e para a redução do sofrimento", lê-se no comunicado.

Segundo o comité, atualmente, vive-se num "mundo biologicamente complexo", povoado não só por seres humanos como também por uma grande variedade de animais e uma quantidade ainda maior de outros organismos, alguns deles perigosos e até fatais para o homem.

A maioria dos parasitas, que se estima afetar um terço da população mundial e com uma prevalência particular na África Subsaariana, sul da Ásia e nas Américas Central e do Sul.

Na pior das hipóteses, a Cegueira dos Rios (Onchocerciasis) leva a perda total da visão, devido à crónica inflamação da córnea. A Filariose Linfática, por sua vez, afeta mais de 100 milhões de pessoas e provoca inchaços crónicos e engrossamento da pele e de tecidos adjacentes.

Em relação à malária, o mosquito infetado, ao picar, leva o parasita a contaminar os glóbulos vermelhos, provocando febre e, nalguns casos, afeta o cérebro, sendo potencialmente fatal.

Mais de 3.400 milhões de pessoas que residem nas zonas mais vulneráveis são potenciais infetados com malária, que, todos os anos, mata mais de 450 mil pacientes, na sua maioria crianças.

No ano passado, o Nobel da Medicina foi atribuído a May-Britt e Edvard Moser, diretores do Instituto de Neurociências Kavli, na Noruega, e a John O'Keefe, pelos seus trabalhos sobre a representação espacial do cérebro.