A indicação está longe de ser a politicamente correta mas, segundo um grupo de investigadores da University of Alabama at Birmingham (UAB), nos Estados Unidos da América (EUA), concentrar mais as refeições diárias, em vez de as espaçar, faz acelerar o metabolismo. De acordo com os especialistas, fazer um lanche reforçado e saltar o jantar, não ingerindo mais nada até ao dia seguinte, pode ter efeitos benéficos na redução de peso.

«As pessoas com quilos a mais que comem diariamente numa janela temporal menor têm menos variações de apetite e queimam mais gordura em certos períodos durante a noite», afirma o site HealthDay News que, sublinha, no entanto, que «o estudo é pequeno e ainda não são conhecidas as consequências [que esse comportamento] pode ter no peso [de uma pessoa]». Courtney Peterson, coordenadora da investigação, defende-se.

A professora assistente de ciências da nutrição da UAB diz que a hipótese que aventa não é a cura para a obesidade mas pode ser um ponto de partida para um estudo mais aprofundado. Os testes realizados em animais revelaram que, quando submetidos ao que chamaram «early time-restricted feeding», uma restrição alimentar antecipada, perderam massa gorda e viram os riscos de doença crónica diminuir.

Como foi feito o estudo

O estudo preliminar dirigido por Courtney Peterson, que é apresentado amanhã no encontro anual da The Obesity Society, em Nova Orleães, acompanhou 11 pessoas, homens e mulheres obesos, com uma média de idade de 32 anos e um índice de massa gorda (IMC) de 30. Numa primeira fase da pesquisa, durante quatro dias, só podiam comer entre as 08h00 e as 14h00. Na segunda fase, que teve a mesma duração, podiam alimentar-se entre as 08h00 e as 20h00.

Sob a supervisão dos especialistas, os voluntários ingeriram sempre o mesmo número de calorias. Depois, os cientistas avaliaram a evolução e o impacto do número de calorias gastas, da gordura queimada e das alterações em termos de apetite e de aceleração do metabolismo. «O facto de concentrarem os alimentos num menor período horário não teve influência no número total de calorias consumidas», refere a docente.

Texto: Luis Batista Gonçalves