Sem medicamentos e sem comida nos supermercados - já nem se vende pão, esgotou - as mulheres venezuelanas encaram a possibilidade da esterilização como a única hipótese para evitar um mal maior: o de ter uma criança que não é possível alimentar.

Os contracetivos tradicionais, como os preservativos ou a pílula, desapareceram praticamente das prateleiras dos estabelecimentos. Aliás, as farmácias estão em rutura. Cerca de 85% dos produtos e medicamentos que vendem estão esgotados.

"Ter um filho hoje em dia significaria fazê-lo sofrer", diz Milagros Martínez, de Caracas, a uma jornalista da Reuters. Empregada num talho nos subúrbios da capital, esta mulher de 28 anos optou pela cirurgia depois de ter tido um segundo filho não planeado. A pílula não é uma opção: este método anticoncepcional está esgotado no país há vários meses.

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Milagros Martínez levanta-se a meio da noite para ir para as longas filas dos supermercados e às vezes regressa a casa de mãos vazias.

Segundo a agência de notícias Reuters, não existem estatísticas recentes na Venezuela sobre as esterilizações, mas médicos e profissionais de saúde garantem que a procura deste procedimento médico - gratuito neste país - tem aumentado.

As esterilizações são geralmente uma cirurgia simples que envolve o bloqueamento das trompas de Falópio, um procedimento designado por laqueação das trompas. Num país profundamente católico, a interrupção voluntária da gravidez é proibida, salvo raras exceções, como risco de vida para o feto ou mãe, malformação grave ou violação.

A Venezuela, com 30 milhões de habitantes, tem uma das taxas mais elevadas de gravidez precoce entre os países da América Latina.