“Nós temos um bom sistema montado, muito robusto, um sistema de primeira linha que envolve, entre outras coisas, a montagem de dois hospitais de campanha”, afirmou Manuel Pizarro na comissão parlamentar de Saúde, em reposta a questões levantada pela deputada da Iniciativa Liberal Joana Cordeiro.

A deputada questionou o ministro sobre se, com a falta de médicos, consegue garantir uma reposta adequada a problemas de saúde que possam surgir no decorrer da Jornada Mundial da Juventude 2023, que vai realizar-se entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

“Um médico nunca dirá a respeito de nenhum assunto que está completamente tranquilo. Isso não existe”, mas, disse o ministro, “estou tranquilo sobre o dispositivo que nós montamos para responder aos problemas. Sobre os problemas, vamos ver do dia-a-dia o que é que vai acontecer”.

Manuel Pizarro referiu que se se baseassem exclusivamente na experiência internacional deste evento católico não era preciso organizar nenhum dispositivo.

“As grandes jornadas mundiais da juventude correram sempre sem nenhum afluxo aumentado aos serviços de saúde, o que, aliás, se consegue perceber”, porque, justificou, “são muitas pessoas, mas são, no essencial, relativamente jovens, com boas condições de saúde”.

Segundo o ministro, as complicações que acontecem normalmente são “algumas gastroenterites relacionadas com alimentação, uma ou outra virose, um ou outro pé torcido ou uma ferida no pé”.

“Porque é que nós temos um dispositivo muitíssimo mais sofisticado do que isso? Porque não podemos garantir que não exista um qualquer acidente, um qualquer incidente, uma qualquer perturbação que tenha um impacto superior”, declarou.

Sobre se foi necessário os profissionais de saúde alterarem as férias para reforçar o contingente de apoio à JMJ, afirmou que não pode garantir que “num ou noutro hospital não tenha havido alterações das escalas de férias para assegurar o reforço em segunda linha”, mas assegurou que de um ponto de vista substancial isso não aconteceu.

Na audição, o ministro foi também questionado pelo deputado do PSD Rui Cristina sobre a criação de Unidades de Saúde Familiar (USF) Modelo C, que contemplam a criação de 'cooperativas' de médicos para prestação de serviço em áreas sem cobertura de USF tradicionais, uma medida que rejeitou.

“O que nós verificamos é que mesmo nos esforços de contratualização diretamente com o setor social que temos feito em muitos municípios da região de Lisboa e Vale do Tejo, já não temos no próprio setor social capacidade de resposta por falta de especialistas em Medicina Geral e Familiar. Ora, nesse contexto, a nossa convicção (…) é que o mais que poderíamos conseguir é que alguns médicos do SNS saíssem do SNS para fazer USF Modelo C, mas o número de pessoas atendidas era igual”, salientou.

O ministro ressalvou que não tem “nenhum preconceito ideológico contra as USF Modelo C”, mas, vincou, “não vamos fazer USF Modelo C para alimentar os preconceitos ideológicos da direita quanto ao serviço público de saúde”, sendo que a resposta decidida foi a generalização das USF modelo B.

Sobre os estatutos da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), admitiu que o objetivo de os ter concluídos até final do primeiro semestre vai derrapar, mas sublinhou: “Se [a DE-SNS] já faz o que faz antes dos estatutos, imaginem quando tiver os estatutos aprovados”.

Quanto aos Centros de Responsabilidade Integrada (CRI) - estruturas de gestão intermédia dependentes dos conselhos de administração dos hospitais -, que o Governo quer generalizar, disse que as experiências dos 40 CRI já em funcionamento são “muito positivas”.