"A migração por motivos de saúde não corresponde à realidade e esse mito deveria ser retirado dos discursos políticos", afirma a ONG, com base em informações de aproximadamente 10.000 pessoas tratadas em instalações na Europa. Delas, 94,2% eram migrantes, na maioria não europeus.

O estudo, realizado em cerca de 30 cidades de 11 países da Europa, entre eles Espanha, França, Reino Unido e Suíça, aponta que "somente 3% dos pacientes declararam ter abandonado o seu país de origem por motivos de saúde". De acordo com a ONG, 53,1% disseram ter emigrado por razões económicas, 20,5% por causas políticas e 13,7% devido à guerra.

"O acesso aos cuidados de saúde na Europa para os migrantes e refugiados é alarmante", constata a Médicos do Mundo, que lamenta a "incapacidade dos governos europeus em alcançar regras comuns" para acolher melhor os migrantes.

Considerando todos os tipos de pacientes tratados pela ONG, 40% "precisa de cuidados urgentes ou bastante urgentes"; 73,3% "precisa de um tratamento indispensável" e 51,1% "tem pelo menos uma doença crónica que nunca foi tratada".

Além disso, 67,5% não tem plano de saúde, afirma o relatório, que lamenta especialmente a situação das crianças.

Em um comunicado publicado junto com seu relatório, a Médicos do Mundo pede aos países e instituições europeias "o acesso de todos os sistemas de saúde nacionais" e "condições de acolhida apropriadas de acordo com os padrões mínimos de saúde pública".

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