“Temos de fazer escola no sentido de os médicos saberem tratar melhor as mulheres na menopausa” já que "um terço da vida da mulher é passado em menopausa e em média 17 anos ativa no trabalho e na família”, defendeu hoje a presidente da Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), Fernanda Geraldes.

A ginecologista falava à agência Lusa a propósito do encontro “Menopausa – Um novo ciclo”, que vai decorrer em Évora, de sexta-feira a sábado, no âmbito da 184ª reunião da SPG, em que participam especialistas nacionais e de outros países.

Mais de dois milhões de portuguesas “em idade de pós-menopausa têm de trabalhar até aos 67 anos pelo menos”, numa época em que a esperança de vida tem vindo a aumentar.

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“Temos hoje mais mulheres em Portugal, sobretudo na faixa etária a partir dos 50 anos”, disse, citando dados do censo de 2011, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Uma melhor preparação dos médicos, designadamente através da sua participação em encontros científicos, dará “um contributo importante para a qualidade de vida destas mulheres”.

40% das mulheres têm mais de 50 anos

Em 2011, segundo o INE, 40,5% das mulheres em Portugal tinham mais de 50 anos, percentagem que poderá ter aumentado nos últimos cinco anos, admitiu a médica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

O encontro médico “Menopausa – Um novo ciclo” é a primeira atividade pública promovida pela Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia.

“Mais de um milhão de portuguesas estão em idade de menopausa (1.130.973, só entre os 45 e os 59 anos), número com tendência para subir”, segundo uma nota da organização do encontro, no qual estão inscritos cerca de 240 médicos, sobretudo ginecologistas e alguns especialistas de medicina geral e familiar.

Uma mulher está menopáusica “quando na idade prevista apresenta uma ausência de ciclos menstruais de há mais de um ano”, refere. No Ocidente, a idade média é de 51,4 anos.

“Na população portuguesa, (…) a menopausa espontânea ronda os 48 anos. O fenómeno surge tipicamente entre os 45 e os 55 anos”, ainda de acordo com a organização.

O programa científico do encontro inclui intervenções sobre terapêutica hormonal e suplementação na menopausa (soja, cálcio, vitamina D e colagénio, entre outras), estando ainda em discussão temas como “As estratégias não hormonais no tratamento dos sintomas vasomotores”.

Serão abordados também temas como “A partir dois 60 anos – que alternativas”, por Isabel Matos, e “Menopausa e líbido – o 'viagra' feminino existe?”, pelo psiquiatra Júlio Machado Vaz.