O bastonário José Manuel Silva considera precisamente que a manutenção da qualidade da formação médica é um dos principais desafios do próximo responsável da Ordem dos Médicos, que na quinta-feira será escolhido através de eleições.

Em 2015 e 2016 reformaram-se 672 médicos, enquanto terminaram a especialidade cerca de 2.300. A iniciar a especialidade contaram-se 3.200 médicos, quatro vezes e meia mais do que os que se aposentaram.

“Dentro de um ano e pouco teremos todos os portugueses com médico de família e a partir daí estamos a formar médicos de medicina familiar a mais. Não teremos desemprego médico, porque os médicos portugueses emigram com facilidade”, afirmou o bastonário em entrevista à agência Lusa.

Além de a qualidade da formação em Portugal os tornar alvos procurados por outros países, os médicos emigram para locais onde trabalham menos, ganham muito mais e têm melhores condições de trabalho, segundo José Manuel Silva.

Lembrando que em Portugal o que há é falta de dinheiro para contratar mais profissionais e não falta de médicos, o bastonário considera imprescindível regular o acesso aos cursos superiores de Medicina.

“Eu não quero pôr um travão nos ‘numerus clausus’. O que eu quero é que seja definido [em Medicina] o mesmo critério que nos outros cursos”, defendeu o bastonário, aludindo ao facto de os cursos de Medicina terem um número de vagas fixado politicamente.

“Se perguntarmos aos diretores dos cursos de Medicina, todos dizem que têm alunos a mais”, acrescentou.

Também a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) já propôs ao Governo reduzir, em cinco anos, de 1.800 para cerca de 1.300 o número de estudantes de medicina por ano.

O que se pretende é uma salvaguarda da qualidade da formação médica, pré e pós-graduada, que pode repercutir-se na qualidade dos serviços de saúde.