Os clínicos detetaram a presença do vírus Zika no líquido cefalorraquidiano de um homem de 81 anos atingido por uma meningoencefalite, segundo um relatório agora publicado na revista médica norte-americana New England Journal of Medicine (NEJM).

O vírus Zika foi designadamente associado a malformações no cérebro de bebés, problemas graves na espinal-medula e ao síndrome neurológico de Guillain-Barré.

Este novo estudo demonstra que os casos se multiplicam na propensão do vírus Zika, durante muito tempo considerado anódino, em atingir gravemente o sistema nervoso.

O homem, hospitalizado em 10 de janeiro em neurologia, foi transferido no dia seguinte devido a uma rápida deterioração da sua saúde, com o surgimento de um coma que implicou assistência respiratória artificial, referiram os médicos do hospital Henri-Mondor, em Créteil, onde se encontrava internado.

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“Com nosso conhecimento, trata-se do primeiro caso do género a ser descrito”, indicou à agência noticiosa France-Presse o médico Guillaume Carteaux, coautor do artigo publicado na NEJM.

“As restantes causas infeciosas, virais e bacterianas foram afastadas”, acrescentou, em particular o vírus herpes, varicela, zona e outras arboviroses.

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O homem, que estava de “perfeita saúde” antes de adoecer, tinha regressado dez dias antes de um cruzeiro no Pacífico sul (Nova Caledónia, Vanuatu, ilhas Salomão, Nova Zelândia).

Febril (39,1 graus Celsius) e comatoso, apresentava uma hemiplegia esquerda (paralisia do lado esquerdo do corpo) e uma disfunção motora no braço direito, revelaram os médicos e assistentes.

Os exames revelaram uma meningoencefalite, uma agrave inflamação do cérebro e das meninges, compatível com uma infeção.

Os médicos procuraram uma série de bactérias e de vírus suscetíveis de estarem envolvidos, como os vírus do Dengue e do Chikungunya.

Um teste de amplificação genética detetou o material genético do vírus no líquido proveniente de uma punção lombar em fase aguda, quando foi o doente foi enviado para a reanimação.

O “vírus vivo” foi detetado no laboratório a partir de uma amostra deste líquido, enviado para o centro nacional de referência das arboviroses em Marselha, precisou o médico Guillaume Carteaux.