“Estou muito espantada, estou muito preocupada. Espantada porque não esperava e preocupada porque não podemos prescindir dos serviços que a Raríssimas tenta prestar às pessoas. Todos sabemos que funciona bem, não podemos prescindir disso. Todos sabemos que não somos abonados para deitar fora uma coisa como a Raríssimas”, disse.

Em declarações aos jornalistas, hoje de manhã, na Amadora, antes da inauguração do presépio da Fundação AFID Diferença (Associação Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa com Deficiência), Maria Cavaco Silva disse que desconhecia a situação denunciada por uma reportagem da TVI sobre a alegada gestão danosa da instituição.

“Sinto-me espantada. Estou triste e com medo. Eu sempre disse que apoiava as pessoas que estavam na instituição e, ao longo destes anos todos, sempre disse que as instituições ficam. Têm de ficar, esta é a mensagem que quero deixar”, disse.

"A instituição faz muita falta"

De acordo com Maria Cavaco Silva, que foi madrinha da instituição durante os anos da presidência da República do seu marido, Aníbal Cavaco Silva, a Raríssimas deve continuar. “A instituição faz muita falta. (…) Sou muito ligada às pessoas que lá estão. Aos utentes”, disse.

Uma reportagem emitida pela TVI na segunda-feira denunciou o alegado uso, pela presidente, de dinheiro da associação de ajuda a pessoas com doenças raras Raríssimas para fins pessoais.

A investigação mostra documentos que colocam em causa a gestão da instituição de solidariedade social, nomeadamente da sua presidente, Paula Brito e Costa, que alegadamente terá usado o dinheiro em compra de vestidos e vários gastos pessoais.

Na reportagem era também adiantado que o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, foi contratado entre 2013 e 2014 pela associação "Raríssimas", com um vencimento de três mil euros por mês, tendo recebido um total de 63 mil euros.

Paula Brito e Costa e Manuel Delgado anunciaram na terça-feira que se demitiam dos respetivos cargos.

Hoje os trabalhadores da “Raríssimas” avisaram que a associação está em risco de fechar por falta de acesso às contas bancárias e apelaram ao primeiro-ministro para que envie uma direção idónea para permitir o funcionamento.

Na quarta-feira, elementos da Inspeção-geral do Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social estiveram hoje na Associação Raríssimas para dar início à inspeção na instituição.