São captações “incompatíveis com anos hidrológicos muito adversos”, e com um inverno seco “muitas dessas origens de água estarão exauridas e a situação será de calamidade”, indica um documento da APDA assinado pelo presidente da instituição, Nelson Geada.

Entende o responsável que a situação não se resolve com investimentos, “que exigem tempo para concretizar”, e que minimizar o risco “passaria pela partilha intermunicipal do recurso água entre aqueles a quem sobra e aqueles a quem poderá dramaticamente faltar”.

“Parece-nos legítimo temer que isso venha a acontecer tarde e de forma atabalhoada, por consequência das dificuldades, que subsistem, em mobilizar de forma célere os atores locais, cujas razões atuais não terão nenhum valor num cenário de catástrofe”, adverte.

Seca extrema em Portugal

A APDA nota que Portugal vive uma situação de seca extrema (especialmente no setor agrícola a sul do Tejo e no interior centro-sul) e considera que “os próximos três meses não serão de bom augúrio”

Ainda que saudando os esforços do Ministério do Ambiente para minimizar a situação, Nelson Geada diz que a escassez de água com mais frequência, devido às alterações climáticas, exige que todos os que têm responsabilidades na questão (Governo, autarquias e cidadãos, e atividades económicas que utilizam a água) “se envolvam seriamente no problema”.

Lembrando que a agricultura utiliza cerca de 80% da água doce, o presidente da APDA diz ser importante “generalizar a eficiência e disciplinar o uso” da água e faz votos para que este ano de seca seja de exceção e não se torne comum a curto prazo.

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“Se assim não for, e se esta questão não envolver e interessar a todos, governos, autoridades tutelares, autarquias, atividades económicas e cidadãos, não chegarão os grandes esforços” do Ministério do Ambiente, diz.

Quase 79% de Portugal continental estava em julho em situação de seca severa e extrema, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que não prevê chuva até ao fim deste mês e antecipa valores acima do normal na temperatura média até ao fim do ano (embora advertindo que são cenários probabilísticos).