O rapper, músico, estilista e modelo Kanye West foi levado para um hospital de Los Angeles depois do médico que o acompanha acionar os serviços de emergência perante mais um caso clínico de exaustão mental.
Michael Farzam, médico pessoal do cantor, disse à polícia que o paciente, de 39 anos, estava a comportar-se de forma estranha devido a um estado de insónia e desidratação extrema.
Tradicionalmente, a Síndrome de Burnout é caracterizada por um estado de exaustão física, emocional ou mental devido ao excesso de stress no trabalho, sendo, por isso, muito comum em profissionais que têm que lidar com a pressão ou responsabilidades, como os professores, enfermeiros e artistas.
Esta patologia do foro psiquiátrico foi descrita em 1974 por Freudenberguer quando observava uma série de manifestações de esgotamento nos terapeutas de uma clínica de toxicodependentes em Nova Iorque. Mais tarde, Maslach e Jackcson fizeram a primeira caracterização desta síndrome, atribuindo-lhe três dimensões (esgotamento emocional, despersonalização e falta de realização profissional). Estes autores criaram ainda uma escala de avaliação, a Maslach burnout inventory.
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A dedicação exagerada à atividade profissional surge assim como uma característica marcante de burnout, mas não é a única. "Trabalhar em contextos em que os profissionais estejam sujeitos a uma grande sobrecarga de trabalho emocional pode conduzir a um processo de exaustão emocional, despersonalização, baixa realização profissional, problemas de saúde e absentismo", explica Ana Paula Nunes, especialista em psicopatologia e professora da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa.
O desejo de ser o melhor e de mostrar um alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. Os sintomas da doença são variados: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e problemas digestivos, assim como ansiedade, dificuldades de concentração, perda de motivação, isolamento.
Quais as consequências?
A principal consequência do síndrome de burnout é o desenvolvimento de doenças físicas ou psiquiátricas, como perturbações de ansiedade generalizada, pânico, fobias, distimia e depressão major, só para nomear algumas. "Estas patologias trazem consequências a curto e a longo prazo. O sofrimento induzido pela doença e o absentismo laboral por incapacidade são as primeiras a aparecer", esclarece o médico psiquiatra António Nascimento Gomes.
"A longo prazo além das consequências psiquiátricas temos ainda as consequências físicas, principalmente as doenças cardiovasculares: hipertensão arterial, acidentes vasculares cerebrais e enfartes do miocárdio, diabetes, diminuição da imunidade e doenças gastrointestinais", acrescenta.
As consequências sociais e familiares são também evidentes – conflitos familiares e divórcio. Em última análise o suicídio é a consequência mais grave desta situação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que em 2020 a principal causa de incapacidade para o trabalho, sejam as doenças psiquiátricas.
Quais os fatores e risco?
Existem vários fatores de risco associados ao desenvolvimento de burnout. Do ponto de vista pessoal, os indivíduos que se encontram especialmente em risco são aqueles com um idealismo exaltado, altruístas ou com traços obsessivos, que investem e se dedicam demasiadamente ao trabalho como único meio de obter reconhecimento.
Já num contexto ambiental, poderemos destacar a existência de trabalho excessivo, monótono ou pouco gratificante. São também de considerar outros aspetos como a falta de resultados imediatos ou uma elevada taxa de fracassos, a presença de conflitos com as chefias e a interferência significativa do trabalho na vida familiar.
De que forma é que se pode evitar o burnout?
O médico psiquiatra Pedro Afonso responde no seu blogue: O ambiente de trabalho poderá ser melhorado através de algumas medidas simples, como a melhoria do conforto do mobiliário, da iluminação, flexibilizando os horários e implementando programas de formação contínua.
Poderá ainda ser estimulada a divisão de responsabilidades e o planeamento do trabalho por objetivos, evitando-se um modelo de organização rígido e hierarquizado. Ao mesmo tempo, devem-se desenvolver expectativas realistas e aferi-las regularmente de modo a acautelar sentimentos de frustração.
Um dos aspectos importantes a assimilar é o estabelecimento de limites: aprender a dizer “não” às solicitações excessivas ou a pedidos irrealistas.
As férias devem ser preferencialmente gozadas ao longo do ano e não concentradas num único período, impedindo-se que desta forma haja uma acumulação de desgaste.
É importante que sejam encontradas outras fontes de gratificação fora do local de trabalho, nomeadamente através da prática de desporto, atividades de lazer e convívio com a família e amigos.
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