"Hoje verifica-se falta de médicos, mas amanhã vai haver médicos a mais e Portugal não terá capacidade de absorção", sublinhou o responsável à agência Lusa, a propósito do 19.º Congresso Nacional de Medicina e do 10.º Congresso do Médico Interno, que decorrem em Coimbra entre quinta-feira e sábado, na Faculdade de Medicina, subordinados ao tema da Formação Médica. Na segunda-feira haverá ainda um congresso aberto à população: formação e saúde para todos, no pavilhão dos Olivais, a partir das 16h30.
Segundo Carlos Cortes, neste momento existem 8.000 médicos em formação e 12 mil estudantes de medicina, que é um "número absolutamente gigantesco, que, no futuro, vai trazer problemas". Há ainda 50 mil médicos a trabalhar, 30 mil dos quais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O responsável da SRCOM realça que são estas razões que levam a Ordem dos Médicos a querer restringir as entradas em Medicina, porque não vê "necessidade de Portugal estar a formar profissionais a mais, se depois não os pode absorver".
Leia também: As frases mais ridículas ouvidas pelos médicos
Veja ainda: 15 doenças que ainda não têm cura
"Vai haver um pico de emigração médica nos próximos anos, sobretudo na próxima década, em que vai haver uma inundação de médicos em Portugal", frisou.
A emigração médica, que registou um aumento muito grande nos últimos anos, está agora estabilizada, refere Carlos Cortes, adiantando que, na região Centro, este ano emigraram 16 médicos, contra os 51 registados em 2015.
Carlos Cortes salienta que as 1.600 vagas anuais para a formação na especialidade fica muito abaixo do número de candidatos, o que leva muitos dos recém-licenciados a sair para o estrangeiro.
Recentemente, a SRCOM criou um gabinete que faz a ligação com os médicos residentes fora do país, de modo a manterem laços de proximidade, e prepara um guia de regresso a Portugal, compilando informação sobre emprego e oportunidades disponíveis no país.
"É mais fácil um médico emigrar e conseguir trabalho num hospital estrangeiro do que em Portugal. É mais célere a colocação fora do país do que cá dentro, em que, às vezes, existem médicos vários meses à espera de colocação em unidades que estão muito necessitadas desses profissionais", sublinhou.
O 19.º Congresso Nacional de Medicina, que é subordinado ao tema "Formação Médica", decorre entre quinta-feira e sábado no polo III da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, com 450 participantes inscritos à data de hoje.
Comentários