“Pode ter impacto no jornalismo. Pode muito facilmente substituir os maus jornalistas, os jornalistas medianos, porque, neste momento, uma IA, com contexto adequado, já consegue escrever um artigo bastante interessante e um artigo novo, porque há uma IA generativa, ou seja, gera textos novos sobre um determinado assunto”, disse hoje à agência Lusa o académico.

Luís Paulo Reis falava à margem da conferência “Artificial Intelligence in Life Sciences: ethical paths” (“Inteligência Artificial nas Ciências da Vida: caminhos éticos”, em tradução simples) na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa.

“Até na área da saúde, nós [FEUP] estamos a desenvolver um sistema de supervisão baseado no risco da Entidade Reguladora da Saúde [ERS], um projeto que será concluído no final deste mês e que dotará esta entidade da capacidade para decidir com muito mais confiança quais os hospitais públicos ou privados ou os centros de saúde ou os profissionais de saúde a inspecionar de uma forma baseada no risco, ou seja, um modelo de risco complexo feito com IA”, prosseguiu.

Exemplo disso é o projeto MetaBreast e o Digital Surgery Lab da Fundação Champalimaud, que vai “permitir aos cirurgiões, durante a cirurgia de cancro da mama, conseguir ver através da pele” dos pacientes para descobrir o tumor.

“Vai representar uma grande inovação no tratamento do cancro da mama, porque neste momento os procedimentos tradicionais envolvem grande desconforto para a paciente e não são muito precisos”, adiantou à Lusa o investigador Tiago Marques.

De acordo com o cientista na Fundação Champalimaud, o projeto utilizará a AI e a realidade aumentada para conseguir ver a localização do tumor no corpo dos pacientes.

“Queremos tornar esta cirurgia mais precisa para que o número de intervenções seja menor”, realçou.

Além do tratamento no cancro da mama, Tiago Marques disse que a AI poderá ser usada na radioterapia e nas neurocirurgias.

“Vai permitir intervenções muito mais precisas e muito mais fáceis. Acreditamos que esta tecnologia terá um impacto muito grande na medicinal geral”, salientou, acrescentando que não se trata de substituir pessoal, mas de “melhorar as suas capacidades”.