“Neste caso aqui ainda há muita falta de médicos. Noutros casos temos tido também muitos problemas, como Marvila, em que nós construímos. É preciso continuar a pedir isso ao Governo central, portanto o próximo Governo saberá que me terá à porta no primeiro dia para pedir”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), na inauguração da Unidade de Saúde de Alcântara.

Construído nas antigas instalações da Carris na Rua 1.º de Maio, o novo centro de saúde de Alcântara pretende servir “cerca de 15.700 utentes inscritos”, dos quais “cerca de 34% são utentes com nacionalidade estrangeira”, com 119 nacionalidades diferentes, indicou o diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lisboa Ocidental e Oeiras, Rafic Nordin.

“É extremamente complicado para nós, mas também, por outro lado, é bom porque obriga-nos também a estarmos atentos às diferentes nacionalidades e conseguir dar também apoio e dar resposta às diferentes pessoas que aqui nos procuram”, afirmou Rafic Nordin, realçando a importância da construção do novo centro de saúde, que resultou de “um parto mais ou menos difícil”.

O diretor executivo do ACES Lisboa Ocidental e Oeiras disse ainda que há “muitos utentes sem médico”, esperando com o novo equipamento, que dispõe das condições necessárias, atrair mais profissionais de saúde, nomeadamente médicos e enfermeiros.

Também o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado (PS), reclamou por mais profissionais de saúde afetos a este novo centro de saúde, realçando o papel do anterior presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), na resolução de problemas para que a obra se concretizasse.

O autarca do PS elogiou ainda o atual presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), por ter aproveitado o atraso da obra para inscrever a empreitada a fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o que permitiu poupar orçamento municipal, bem como fazer algumas alterações ao projeto em prol da eficiência energética do equipamento.

Em resposta, Carlos Moedas agradeceu o apoio de Davide Amado, referindo que ambos têm “ideias políticas diferentes, mas à frente estão sempre as pessoas”.

O presidente da câmara reconheceu também o apoio da União Europeia na concretização do novo centro de saúde de Alcântara, indicando que, dos 4,6 milhões de investimento na obra, três milhões de euros foram financiados pelo PRR.

No âmbito do protocolo celebrado entre a Câmara de Lisboa e o Ministério da Saúde em 2017, o município tem vindo a investir na construção de centros de saúde. No atual mandato 2021-2025, a câmara investiu “mais de 20 milhões de euros”, indicou Carlos Moedas, apontando para mais 40 milhões de euros até 2027.

Sobre o processo de descentralização da área da saúde, o autarca do PSD reforçou que Lisboa não aceitará assinar o auto de transferência sem a garantia de que são transferidos os recursos necessários, defendendo ainda a intervenção do município na contratação de profissionais de saúde.

“O Estado deve descentralizar com recursos e, ao mesmo tempo, também dando mais capacidade às autarquias para contratar não só pessoal operacional, mas também os médicos”, defendeu.

Sobre as diferentes nacionalidades dos utentes do centro de saúde de Alcântara, Carlos Moedas afirmou: “Quem chega a Lisboa é lisboeta. Temos de tratar de todos, tratar com dignidade, recebê-los e, portanto, hoje Lisboa é uma cidade diversa”.

O social-democrata referiu que, segundo os dados do Censos, “20% da população de Lisboa não nasceu em Lisboa nem é portuguesa”, considerando que isso faz parte de ser uma cidade cosmopolita e que atrai talento.