Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, a IGAS refere que o inspetor-geral decidiu, por despacho na quinta-feira, abrir um processo de esclarecimentos.

“Foi instaurado um processo de esclarecimentos às circunstâncias em que ocorreu a morte de uma idosa na noite do passado dia 02 de janeiro [terça-feira] no serviço de urgência do Hospital Padre Américo, integrado na Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa [ULSTS]”, refere a resposta.

Este esclarecimento surge depois do Porto Canal ter noticiado a morte de uma idosa naquele serviço enquanto aguardava numa maca por observação.

Na quarta-feira, também em comunicado enviado à Lusa, o hospital de Penafiel indicou que a idosa, com cerca de 80 anos, triada com pulseira laranja, se encontrava "em fim de vida”.

“Tratava-se de uma doente em fim de vida e sem critérios clínicos para qualquer manobra invasiva de reanimação”, referiu a ULSTS no comunicado.

Na mesma nota, o hospital especificou que a doente deu entrada no serviço de urgência médico-cirúrgica às 19:16, tendo sido submetida a triagem de Manchester às 19:19.

O óbito foi registado às 20:06, “após avaliação clínica”, segundo o hospital.

Servindo uma população de cerca de meios milhão de pessoas, de 12 municípios, o Hospital Padre Américo, conjuntamente com o Hospital de São Gonçalo (Amarante), integra a ULSTS.

Na informação enviada à agência Lusa, o hospital admitia que a urgência se encontrava “sob enorme pressão”, tendo o número de internados no serviço atingido na manhã de quarta-feira os 85 doentes.

“Tais circunstâncias dificultam muito o funcionamento do serviço, não só pela sobrecarga de trabalho, mas pelas limitações de espaço que condicionam o normal funcionamento”, acrescentava, ressalvando que no caso da idosa que morreu numa maca “as ações tomadas teriam sido as mesmas em circunstâncias diferentes”.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, na quarta-feira, a urgência daquele hospital enfrentava uma situação caótica, com dezenas de doentes para serem atendidos, situação que poderia ter contribuído para a morte da mulher.

“A situação é caótica, porque o hospital não tem capacidade, com este pico de pandemia de gripe”, disse na quarta-feira à Lusa Miguel Vasconcelos, presidente do Conselho Diretivo Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros.