Ao início da manhã o cenário na unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) era igual ao de outros dias: parque de estacionamento cheio e salas de espera também com muitos utentes, sentados ou em pé.

Entre eles, alguns tiveram a consulta que estava agendada para hoje, enquanto outros foram avisados que foi cancelada e tiveram que ir embora.

Basílio de Sousa veio acompanhado com a mulher para uma consulta de controlo de sangue que estava agendada para esta manhã. Deslocaram-se de Barrela de Jales, no concelho de Vila Pouca de Aguiar e, logo ao chegar, foram avisados de que o seu médico aderiu à greve. “Isto causa-nos muitos transtornos, sim. Tivemos que alugar um carro para virmos a Vila Real e viemos cá para nada” contou à agência Lusa.

Ana Bela Cardoso, de Santa Marta de Penaguião, disse que foi apanhada de surpresa com a greve dos médicos e lamentou a despesa que teve que fazer em combustível para chegar a Vila Real e ser avisada de que a sua consulta foi adiada.

Rui Correia, também de Santa Marta de Penaguião, afirmou que perdeu “um dia de trabalho” para acompanhar o filho João a uma consulta. “Disseram-nos que não sabiam se o médico ia fazer greve e remarcaram a consulta para outro dia”, salientou.

Um casal de São João da Pesqueira, que não quis dar o nome, referiu que ligou na terça-feira para a sua médica e que ela confirmou a sua presença hoje no hospital, pelo que a consulta decorreu com toda a normalidade.

Na zona das análises e dos exames “não havia qualquer crise”, segundo descreveu uma utente de Vale de Nogueiras à Lusa que veio fazer análises ao sangue.

A Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos juntaram-se numa greve nacional contra as políticas governamentais, que começou às 00:00.

A greve desta quarta e quinta-feira é um protesto pela ausência de medidas concretas do Governo num conjunto de reivindicações sindicais que têm tentado estar a ser negociadas ao longo do último ano.

Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.

Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano.