Ao início da manhã, o movimento na sala de espera das consultas externas registava menor movimento do que em outros dias devido à greve dos médicos, mas, ainda assim, e apesar de alguns utentes terem sido apanhados de surpresa, foram poucos os que viram as consultas adiadas.

Os utentes que tiveram a consulta que estava agendada "não se aperceberam da paralisação", conforme disseram à Lusa no local.

"Estou à espera de ser atendida e nem me apercebi que havia uma greve dos médicos", disse à Lusa Rosa Fernandes, enquanto aguardava a chamada para ser atendida.

A utente, de 63 anos, residente em Portimão, reconhece que a paralisação pode causar transtornos para quem vive longe e tem a consulta cancelada e adiada.

Sorte diferente teve Américo Martins, de 71 anos, que, acompanhado pela mulher, viu a consulta de controlo de hipertensão cancelada, tendo sido avisado na altura da adesão à greve do seu médico. "Fui apanhado de surpresa com a greve dos médicos, mas compreendo a luta que eles [médicos] fazem pela melhoria do serviço de saúde que querem prestar aos doentes", referiu o reformado, residente no concelho de Portimão.

Américo Martins lamentou, no entanto, "os transtornos que a paralisação causa a quem tem de se deslocar de outros concelhos distantes, como faltas ao trabalho, e que tem de voltar noutro dia". "A mim não me causa grande transtorno, mas reconheço que o mesmo não se passa com quem se desloca de longe", referiu.

Petro Timotin, residente em Portimão, também foi surpreendido pela greve dos clínicos, e considera que "é prejudicial, porque teve de faltar de manhã ao trabalho". "Sabia que havia greve, mas tive a esperança que o médico viesse trabalhar. Paciência, tenho de voltar no dia 17", lamentou.

Apesar de algumas consultas terem sido canceladas e reprogramadas para outros dias, os serviços de análises clínicas estão a funcionar normalmente, conforme disse uma das funcionárias da unidade hospitalar de Portimão.

A greve nacional dos médicos foi decretada por dois dias pela Federação Nacional dos Médicos e pelo Sindicato Independente dos Médicos, paralisação que começou às 00:00 contra as políticas governamentais.

O protesto contesta a ausência de medidas concretas do Governo num conjunto de reivindicações sindicais que têm tentado estar a ser negociadas ao longo do último ano.

As frases mais ridículas ouvidas pelos médicos

Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.

Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano.

Contactada pela Lusa, a administração do centro hospital escusou-se a adiantar a adesão à greve dos médicos, referindo apenas que as consultas canceladas serão remarcadas.