Existem mais de 130 doenças reumáticas, cada uma com a sua especificidade. As doenças reumáticas custam ao Estado 1,6 mil milhões euros, com perdas de produtividade e faltas ao trabalho estimadas em 204 milhões e mais de 400 milhões em medicamentos. Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, em Portugal há cerca de 5,9 milhões de pessoas com doença reumática.

"Estes são alguns dos números que interessam aos decisores políticos e gestores na área da saúde, mas deixam escapar o sofrimento, a incapacidade, frustração e perda de qualidade de vida por vezes impossíveis de calcular na dimensão da pessoa, da família e do envolvimento social ou profissional", alerta o médico reumatologista António Vilar, coordenador da unidade de Reumatologia do Hospital Lusíadas Lisboa.

"Continuamos sem ter um medicamento que trate todas as doenças reumáticas, mas cada vez mais a medicina é personalizada de acordo com a nossa diversidade, a nossa maneira de estar e ser, as nossas convicções e o nosso modo de vida", salienta o especialista.

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Entre as várias doenças reumáticas, destaque para a atrite reumatoide, o lúpus eritematoso sistémico, a osteoartrose e as tendinites. Nestas, o diagnóstico precoce é o primeiro passo para uma melhoria mais rápida e um melhor prognóstico, frisa António Vilar.

Falta de diagnóstico

A Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) diz que um terço dos doentes reumáticos não são diagnosticados, porque a rede de referenciação hospitalar do Ministério da Saúde não está a funcionar adequadamente.

Segundo a organização, continua a existir em Portugal uma falha na referenciação dos doentes reumáticos e na cobertura de reumatologia no país. Em resultado, “as pessoas acabam por não consultar nenhum médico especialista, apesar de terem queixas comuns como dores nas articulações”.

A SPR acrescenta ainda que, muitas vezes, os doentes voltam para casa sem diagnóstico ou com o diagnóstico incorreto, um problema considerado grave, tendo em conta o caráter evolutivo das doenças reumáticas que devem, por isso, ser diagnosticadas o mais precocemente possível.

“Não podemos fingir que tratamos a doença reumática se não atribuirmos especialistas em número suficiente para um tratamento adequado e por isso, tem que haver mais reumatologistas destacados a nível nacional tal como previsto na rede de referenciação hospitalar aprovada pelo Ministério de Saúde”, considera o presidente da SPR, José Canas da Silva.