“Hoje existem novos conhecimentos na área da sensibilização a aeroalergénios, o que pode permitir adequar melhor o tratamento com vacinas antialérgicas a cada doente em particular, numa visão de medicina personalizada”, descreve a investigadora Diana Silva, citada num comunicado da FMUP enviado à Lusa.

O estudo conta com a parceria do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto.

O objetivo é avaliar o impacto do diagnóstico molecular em doentes alérgicos com sintomas persistentes tratados com vacinas antialérgicas, também conhecida como imunoterapia com alergénios.

A FMUP descreve que, “com eficácia e segurança demonstradas na rinite e na asma, estas vacinas procuram mudar a resposta imunológica anormal de um dado doente e, portanto, têm o potencial de modificar a evolução da doença alérgica e diminuir os sintomas de alergia”.

Atualmente em fase de recrutamento, este ensaio pretende seguir 210 participantes ao longo de 12 meses.

Podem participar pessoas com mais de 5 anos, diagnóstico de asma ou rinoconjuntivite, testes de alergias a ácaros e/ou pólenes positivos e indicação médica para fazerem imunoterapia com alergénios.

Na nota enviada à Lusa, a FMUP estima que a conclusão do estudo aconteça em 2024.

Os investigadores pretendem saber se o tratamento com vacinas antialérgicas é mais eficaz nos doentes submetidos a diagnóstico molecular, que deteta os componentes moleculares das substâncias que provocam a alergia, do que em doentes que apenas realizam os métodos de diagnóstico habituais, assentes em testes cutâneos por picada com esses alergénios.

O diagnóstico molecular usado neste estudo consiste numa análise ao sangue que avalia se os doentes têm anticorpos para vários componentes moleculares de diferentes alergénios.

Os testes moleculares também permitem avaliar a correspondência entre o perfil de componentes moleculares dos doentes e do tratamento que estão a efetuar, de modo a perceber se este será o mais indicado ou se deve ser alterado.

“Já são conhecidos alguns componentes moleculares que se associam a diferentes situações clínicas. Uns associam-se a um perfil mais grave ou persistente, outros são marcadores de reatividade cruzada entre alergénios diferentes. Ao conhecer esse perfil, podemos decidir se é uma mais-valia ou não iniciar o tratamento com vacinas antialérgicas”, explica Diana Silva.

Além do CHUSJ, o ensaio tem a parceria da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, através da Bolsa Palma Carlos, entre outros parceiros.