10 de julho de 2013 - 08h33
Cientistas britânicos do King's College acreditam que um simples exame de sangue poderá prever o grau de envelhecimento de uma pessoa no futuro, isto porque as "impressões digitais" químicas no sangue, conhecidas como metabólitos, provocadas pelas mudanças moleculares ainda antes do nascimento e durante a infância, fornecem pistas sobre o estado geral de saúde a longo prazo.
Ao estudar dois irmãos gémeos, os cientistas encontraram um grupo de 22 metabólitos ligados à velhice. Um deles, descoberto pela primeira vez, está ligado a traços como função pulmonar, densidade mineral dos ossos e também ao peso no momento do nascimento, um fator que determina a saúde ao longo da vida.
Segundo os cientistas, os níveis deste novo metabólito, que podem ser determinados ainda na gravidez e afetados pela nutrição durante o desenvolvimento da criança, podem refletir um envelhecimento acelerado.
De acordo com os cientistas, no futuro será possível identificar estes marcadores de envelhecimento com um simples exame de sangue, o que poderá fornecer mais informações sobre a esperança de vida e abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos de doenças relacionadas com esta época da vida.
"Os cientistas sabem há muito tempo que o peso de uma pessoa no momento do nascimento é um fator importante na meia-idade e velhice e que as pessoas que nascem com peso baixo são mais propensas a desenvolver doenças relacionadas com a idade", afirmou Tim Spector, chefe do Departamento de Investigação com Gémeos do King's College de Londres, escreve a BBC.
O estudo foi publicado na revista científica International Journal of Epidemiology.
A investigação
Os cientistas fizeram um perfil dos metabólitos analisando amostras de sangue doadas por mais de 6 mil gémeos e identificaram 22 metabólitos diretamente ligados ao envelhecimento cronológico. A concentração dos metabólitos era maior entre pessoas mais velhas do que entre os mais jovens.
Um metabólito em particular, chamado de C-glyTrp, está associado com a função pulmonar, densidade mineral nos ossos, índice de colesterol e pressão sanguínea. O papel deste metabólito no envelhecimento é uma descoberta completamente nova.
Ao comparar os pesos no nascimento de gémeos idênticos que participaram no estudo, os investigadores descobriram que este metabólito também estava associado a um peso mais baixo em recém-nascidos.
"Isto ajuda-nos a entender como uma nutrição mais baixa ainda no útero altera os caminhos moleculares que vão resultar num envelhecimento mais rápido e com maior risco de doenças ligadas ao envelhecimento ", explico Ana Valdes, autora do estudo.
"Como estes 22 metabólitos ligados ao envelhecimento são detetáveis no sangue, agora podemos ver a verdadeira idade a partir de uma amostra de sangue e, no futuro, isto poderá ser melhorado e poderemos identificar o futuro do envelhecimento biológico das pessoas", afirmou.

SAPO Saúde