13 de maio de 2014 - 10h01
Cientistas norte-americanos identificaram as substâncias químicas mais cancerígenas presentes no ambiente quotidiano das mulheres e alerta que estas devem evitá-los para diminuir o risco de cancro de mama, uma pista que consideram importante para a prevenção da doença.
O estudo, publicado na segunda-feira (12-05) na revista Environmental Health Perspectives, confirma que os produtos químicos que provocam tumores cancerígenos nas glândulas mamárias dos ratos também estão vinculados ao cancro de mama nos seres humanos.
O estudo elaborou uma lista de 17 substâncias cancerígenas prioritárias porque provocam tumores mamários nos animais, às quais muitas mulheres estão expostas.
São produtos cancerígenos presentes na gasolina, no gasóleo e em outras substâncias emanadas pelos veículos, assim como ignífugos, tira-nódoas, solventes, corrosivos de pinturas e derivados de desinfetantes usados no tratamento de água potável, entre outros.
"Esta investigação fornece elementos para prevenir o cancro de mama identificando produtos químicos prioritários aos quais as mulheres estão expostas com mais frequência e mostra também como controlar esta exposição", explica o médico Ruthann Ruden, diretor de pesquisa no instituto Silent Spring de Newton (Massachusetts), coautor do estudo.
As investigações realizadas até agora sobre o cancro de mama não levavam em conta a exposição de mulheres a uma grande quantidade de produtos químicos, sobretudo pela falta de informação sobre os produtos que deveriam ser analisados.
"Todas as mulheres nos Estados Unidos estão expostas a substâncias químicas que podem aumentar o risco de cancro de mama, mas lamentavelmente este vínculo é amplamente ignorado", comentou Julia Brody, diretora-geral do Silent Spring Institute e co-autora do estudo.
"Reduzir a exposição aos produtos químicos tóxicos pode salvar a vida de muitas mulheres", considerou, acrescentando que "quando se fala de cancro de mama, não se pensa no risco que as substâncias químicas representam".
Finalmente, lamenta a pesquisadora, "os fundos direcionados à investigação sobre a relação entre o cancro de mama e os produtos químicos no ambiente só representam uma parte ínfima do total".

"É imprescindível que as indústrias e os governos atuem para reduzir a exposição às substâncias mais perigosas", insistiu Kristi Marsh, autora de uma obra sobre o tema chamada "Little Changes".
Marsh foi diagnosticada com cancro de mama aos 35 anos.
Os Institutos Nacionais da Saúde (NIH) irão incorporar recomendações do estudo ao mesmo tempo em que se preparam para testar amostras mamárias de 50 mil mulheres no âmbito de uma investigação sobre irmãs para determinar as causas do cancro de mama.
O cancro de mama é a segunda causa de mortalidade por tumor maligno entre as mulheres nos Estados Unidos, com 40.000 falecimentos estimados em 2014 e 232.670 novos casos diagnosticados, segundo dados do Instituto Nacional do Cancro, que estima que 2,89 milhões de mulheres sofrem atualmente da doença.
O estudo supracitado elenca ainda sete maneiras de evitar a exposição aos químicos prejudiciais:
- Use ventição enquanto cozinha e limite as quantidades de comida queimada ingerida.
- Limite a exposição a gases poluentes, como os emanados pelos veículos e combustíveis dos mesmos.

- Não compre mobília com espuma de poliuretano.
- Evite tapetes resistentes a manchas assim como tecidos semelhantes.
- Se fizer limpezas a seco, peça uma que não contenha percloroetileno ou outros solventes.  
- Use um filtro de água potável em bloco de carbono sólido. 
- Mantenha produtos químicos fora de casa: deixe, por exemplo, os sapatos à porta e troque os químicos de limpeza por panos e esfregonas.
Por SAPO Saúde com AFP