Rebecca Sharrock é capaz de se recordar de todos os detalhes dos seus sonhos noturnos quando tinha 18 meses, da roupa que usou na primeira festa de aniversário e de todos os diálogos da saga de Harry Potter. Esta australiana tem um superpoder que se chama hipermnésia, uma síndrome relacionada com a memória e que é uma doença extremamente rara.

As lembranças de Rebecca Sharrock não surgem sozinhas. Vêm acompanhadas de todos os sentimentos e sensações. "Quando revivo esses momentos, as emoções parecem intactas. Mesmo que as tenha vivido quando era muito pequena, sinto exatamente o mesmo que antes", conta ao jornal espanhol El País.

Ainda que pareça ser uma vantagem, esta síndrome tem um lado paradoxo: as emoções mais recentes são as que menos ficam presentes, ainda que com o passar dos anos essas memórias se tornem indeléveis.

Escreve o jornal espanhol "El País" que o coordenador do grupo de estudos da Sociedade Espanhola de Neurologia, o médico Félix Viñuela, defende que "aprender a esquecer é positivo e necessário para os seres humanos, sobretudo quando se trata de acontecimentos vitais tristes ou desagradáveis, porque as suas lembranças podem afetar o ser humano de forma grave".

Os primeiros cientistas a publicar sobre esta alteração funcional foram os investigadores do Centro de Neurobiologia do Conhecimento e da Memória da Universidade de Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, em 2006. No entanto, a origem desta patologia, assim como o seu tratamento, são ainda um mistério para a ciência.

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