Esta é, segundo Paulo Espiga, presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), em que está integrado o HLA, "uma das primeiras experiências" de um programa do género no setor público, em Portugal.

"Cerca de 4% das pessoas que vêm cá são responsáveis por 25% das vindas às urgências", disse, considerando que se trata de "um problema". "Não estamos a falar de muita gente, estamos a falar basicamente de 180 pessoas", clarificou. "Ora isto é um problema, porque quer dizer que nós não estamos a trabalhar bem, estamos a trabalhar mal de alguma maneira e temos que perceber por que é que estas pessoas vêm cá. São problemas sociais, de saúde, saúde mental", questionou.

O projeto vai incluir os utentes que recorram aos serviços de urgência pelo menos quatro vezes por ano, sendo essas situações reportadas semanalmente à equipa constituída por especialistas de medicina interna, medicina geral e familiar, enfermeiros, psicólogos e assistente social, que vai "sinalizar", "orientar", "monitorizar" e "fazer o plano de cuidados".

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Nessa altura, a equipa vai entrar em contacto com o médico de família de cada utente nesta situação para poder analisar caso a caso, sendo posteriormente convidada a pessoa em causa para ser elaborado o "plano de saúde".

Estando o HLA integrado na ULSLA, que integra também a prestação de cuidados de saúde primários nos cinco concelhos do litoral alentejano, "faz sentido" envolver "todos os serviços", referiu.

"Isto exige que nós olhemos para estes utentes e que os cuidados primários e as várias especialidades hospitalares se sentem e façam um plano de cuidados para este doente", disse Paulo Espiga, considerando que assim vai ser possível perceber se é necessário "intervir junto da família", na "medicação" ou na "alimentação" ou ainda a nível "social". A intenção do projeto é "olhar para a pessoa como um todo", explicou, manifestando o desejo de que, "daqui a 20 anos", "toda a ULSLA funcionasse assim para todos os utentes".

Criada em 2012, a ULSLA integra, além do HLA e da Unidade de Saúde Pública do Alentejo Litoral, o Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Litoral, com cinco unidades nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira e respetivas extensões, dando resposta a uma população de cerca de 100 mil habitantes.