O Porto acolhe, entre os dias 28 e 30 de Outubro, o XXVII Congresso de Pneumologia. Uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Pneumologia que, durante três dias, promoverá a troca de experiências e conhecimentos num debate multidisciplinar em torno das diversas doenças respiratórias, que afetam já 10 por cento dos portugueses. Asma, tuberculose, DPOC, cancro do pulmão e outras doenças respiratórias são alguns dos temas que farão parte dos painéis de discussão, que reunirão mais de 600 especialistas.

Os resultados das medidas antitabágicas implementadas pelo Governo com o objetivo de proteger os cidadãos, bem como as questões sociais relacionadas com a influência da publicidade na prevenção e no combate ao tabagismo, são um dos temas centrais de um painel dedicado ao tabaco, a principal causa da maioria das doenças respiratórias como a DPOC e cancro do pulmão.

Segundo Carlos Robalo Cordeiro, Presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia «é fundamental combater as doenças respiratórias e, para tal, há que reunir esforços para que todos tenhamos a real consciência de que o tabaco continua a estar na origem da maioria dos problemas respiratórios. Reconhecendo que o tabaco é a causa direta de inúmeras doenças, torna-se contraditório que o tabagismo não seja considerado uma doença, de modo a que sejam criadas condições de apoio aos fumadores que pretendem abandonar uma dependência que tem envolvimento direto em 12 por cento da taxa de mortalidade em Portugal»

Também porque no mundo estima-se que existam cerca de 600 milhões de pessoas com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) e a prevalência da doença em Portugal seja de 14,2 por cento, este será um tema que continuará a marcar a atualidade da Pneumologia, dando origem a debates multidisciplinares. Em Portugal a DPOC é anualmente responsável pela perda de 74.547 anos de vida, ajustados por incapacidade, sendo já considerada a 5ª causa de morte por doença, atrás das doenças de coração, acidentes vasculares cerebrais, diabetes, pneumonias e cancro do pulmão.

Ciente das necessidades especiais dos muitos que sofrem de doença respiratória crónica, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia dedicará um dos painéis de discussão à prestação de cuidados domiciliários, nomeadamente a oxigeno terapia, que, além de diminuir a mortalidade, pode melhorar a qualidade de vida, devolvendo a autonomia e promovendo a reintegração socioprofissional de todos os que sofrem de Doenças respiratórias.

«As doenças respiratórias continuam a ser causa frequente de incapacidade, sendo responsáveis por 80 mil internamentos por ano. Não podemos esquecer os números, e, mais que uma questão de saúde pública, trata-se de um problema que não pode ser ignorado em termos socioeconómicos. Os custos diretos e indiretos das doenças respiratórias são bastante elevados e muitos deles poderiam ser reduzidos com a aposta na prevenção», refere Carlos Robalo Cordeiro.

A asma e a tuberculose continuam a ser uma emergência global. Dados recentes revelam que a incidência de Tuberculose em todo o mundo é de 9 milhões de novos casos anuais e 1,5 milhões de mortes. Em Portugal os números apontam para 24,1 doentes por cada 100 mil habitantes. A asma, que em Portugal estima-se que afete mais de 600 mil pessoas, será abordada na sua relação com a obesidade. Estudos recentes dão conta de que a asma aumenta aproximadamente 50 por cento nos indivíduos de ambos os sexos que têm excesso de peso ou obesidade, comparativamente aos que registam um peso normal. 

Em discussão estará também o cancro do pulmão, cuja taxa de incidência em Portugal não baixa dos 3500 novos casos por ano. Os direitos e deveres do doente serão discutidos numa abordagem que dará a conhecer algumas das técnicas utilizadas para o desenvolvimento do rastreio do cancro do pulmão.

27 de outubro de 2011

Fonte: Multicom