A investigação conta com a colaboração de 15 investigadores de vários países e é liderada por Sónia Melo do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), uma instituição que há vários anos se dedica à investigação médica, também na área da oncologia.

Os sintomas do cancro do pâncreas surgem numa fase muito adiantada da doença, quando já pouco é possível fazer para travar o alastramento do tumor. Este cancro é, por isso, um dos tumores com taxas de mortalidade mais altas. A esperança de vida médica é de quatro a seis meses.

Esta descoberta pode representar "a diferença entre a vida e a morte", explica Sónia Melo à rádio TSF.

O estudo publicado na revista científica Nature, uma das mais prestigiadas do mundo, demonstra que cinco anos antes dos primeiros sinais da doença, é possível encontrar exossomas no sangue com uma determinada proteína (glypican-1 ou GPC1) produzidos pelas células tumorais do pâncreas.

O novo método de deteção vai, no entanto, demorar vários anos a chegar aos hospitais.

Quem é Sónia Melo?

Licenciada em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da U.Porto, Sónia Melo terminou em 2010 o Programa Graduado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada (GABBA), durante o qual passou pelo IPATIMUP, pela Faculdade de Medicina da U.Porto, pelo CNIO-Centro Nacional de Investigaciones Oncológicas (Madrid) e pelo ICO-Institute Catalan de Oncologia (Barcelona).

Depois de quatro anos de pós-doutoramento nos Estados Unidos (Harvard Medical School e MD Anderson Cancer Center), regressou ao IPATIMUP em meados de 2014, como investigadora principal.

Já em 2015, foi uma das três cientistas distinguidas na 11.ª edição das "Medalhas de Honra L'Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência", pelos seus estudos sobre os exossomas e a sua aplicação no desenvolvimento de novas formas de diagnóstico e tratamento do cancro.