As sanguessugas são animais hermafroditas com 32 cérebros, nove pares de testículos e uma mandíbula com três filas de cem dentes cada uma, escreve a BBC.

O laboratório BioPharm, no País de Gales, cria dezenas de milhares destes anelídeos, para utilização médica em hospitais do mundo inteiro.

"Um aspeto interessante sobre as sanguessugas é que elas aparecem de forma repetida ao longo da história da humanidade e em todas as culturas humanas", afirmou Robert Kirk, professor de Humanidades e História da Medicina na Universidade de Manchester, citado pela referida televisão.

Na Babilónia, as sanguessugas eram vistas pelos ancestrais como as filhas ou crias da deusa da medicina, ao mesmo tempo que eram consideradas criaturas perigosas capazes de drenar sangue até à morte. "As sanguessugas representavam tanto uma ameaça à saúde como uma ferramenta de cura", acrescenta.

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Essa visão permaneceu ao longo dos tempos, à medida que as criaturas foram usadas por egípcios, gregos e romanos, e por povos na China, Índia e Europa Ocidental.

"No século 19 a popularidade desses animais alcançou o apogeu", conta Christopher Frayling, professor de História Cultural no Royal College of Art de Londres. "Entre 1825 e 1850, as sanguessugas eram usadas para praticamente tudo. Era possível ir a uma farmácia e alugar uma sanguessuga", conta.

"Hoje sabemos que ela só pode ser usada em um paciente, caso contrário seria como usar uma seringa suja", contrapõe Bethany Sawyer, gerente dos laboratórios Biopharm.

No auge da revolução industrial britânica, o mercado de sanguessugas representava mil milhões de euros por ano. No entanto, a prática caiu em desuso no século seguinte quando se começaram a descobrir as causas das doenças.

Hoje, cerca de 60 mil sanguessugas da Biopharm Leech, em Swansea, são distribuídas por ano por hospitais da Europa. Segundo Bethany Sawyer, não há ferramenta tão eficaz que estas criaturas para evitar que o sangue se acumule em regiões alvo de cirurgia: aceleram o processo de recuperação, facilitam a cicatrização e potencial a formação de novos vasos sanguíneos.