De acordo com uma das investigadoras envolvidas no projeto, Liliana Ferreira, este projeto visa também encontrar alternativas para a "mente" e para o "comportamento", através da investigação da interação humana com computadores, focando-se nos aspetos éticos, percecionais, cognitivos, comunicacionais e culturais.

A compreensão das atividades físicas, recorrendo à deteção de movimentos humanos específicos, aplicados às áreas da segurança e do desporto é outro dos objetivos do "Deus ex Machina - Tecnologia simbiótica para uma maior eficiência societal", que iniciou em janeiro de 2016.

Com uma duração prevista de três anos, engloba estudos na área da nutrição, para determinar o que "as pessoas comem" e os comportamentos "mais saudáveis e sustentados" que podem levar a ganhos na saúde e a reduzir o desperdício alimentar.

Os investigadores envolvidos no "Deus x Machina" vão analisar ainda questões associadas à agricultura, tendo como foco a agricultura de precisão, "considerando a sua aplicação na Europa e em África", "rumo a um desenvolvimento sustentável e com ganhos de eficiência".

Ferramentas comunitárias e inclusão social, "para a capacitação dos cidadãos, prevenção de doenças e aumento do bem-estar", é o último dos pontos abrangidos pelo projeto.

"Quando analisados à distância, muitos dos desafios da sociedade de hoje estão relacionados com o desperdício, o uso inadequado dos recursos, a ausência de soluções integradas e a duplicação de esforços", indicou a investigadora.

Este tipo de problemas leva a que "os cidadãos não consigam manter os seus padrões de vida" e, face a estes desafios, é exigido o que a investigadora define como "more from less for more" (“mais do menos para mais”), "algo aparentemente irresolúvel, mas que se assemelha aos dramas representados nos antigos teatros gregos, onde um problema impenetrável é subitamente desembaraçado por um novo elemento que entra em cena: o Deus ex Machina".

"As sociedades estão a desenvolver esforços para que estes novos elementos originem ganhos de eficiência, mediados por uma relação simbiótica entre humanos e tecnologia".

Segundo Liliana Ferreira, são necessários elementos como estes, "capazes de lidar com problemas complexos, mas que ao mesmo tempo sejam transparentes para os utilizadores, como que companheiros que os ajudam nas tarefas difíceis, desconhecidas ou meramente prosaicas".

No projeto, liderado pela Associação Fraunhofer Portugal Research, colaboram o Centro Algoritmi e 2C2T da Universidade do Minho, o CINTESIS e Centro de Psicologia da Universidade do Porto, e o CIDESD e o CTAB da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro.

Estão envolvidos cerca de 160 investigadores, incluindo médicos, docentes e outros profissionais qualificados das diversas áreas.

O "Deus x Machina", cujo investimento total ronda os 2,6 milhões de euros, é financiado pelo programa Norte2020 em 85% desse valor.