A experiência representa um avanço em direção à transplantação de células estaminais para vítimas de ataques cardíacos, escreveram os cientistas no estudo publicado na revista científica Nature.

A equipa de cientistas utilizou as denominadas células estaminais pluripotentes induzidas (iPSCs), desenvolvidas ao estimularem-se células maduras, já especializadas - como as da pele - a voltarem ao estado neutro, juvenil, a partir do qual podem dar origem a qualquer outro tipo de célula humana.

Antes do surgimento desta técnica, as células estaminais pluripotentes eram recolhidas de embriões humanos, que são destruídos no processo - uma prática controversa.

Há uma terceira categoria de células estaminais que podem ser diretamente recolhidas dos seres humanos. Estas células "adultas" são encontradas dentro de alguns órgãos, como o coração, e existem para recompor as células danificadas.

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As células estaminais adultas do coração já foram utilizadas ao nível experimental para tratar vítimas de ataques cardíacos. Agora, uma equipa de cientistas japoneses afirma que o estudo foi o primeiro a utilizar células iPSCs para reparar um dano cardíaco.

As células humanas iPSCs são consideradas uma fonte promissora de células para reparar o coração. Mas desenvolvê-las a partir das próprias células do paciente é "demorado, trabalhoso e custoso", enquanto as células cardíacas desenvolvidas a partir das células de outra pessoa podem ser rejeitadas pelo sistema imunitário do recetor, escrevem os cientistas.

Nas experiências com macacos, os investigadores selecionaram uma molécula de uma célula do sistema imunitário que combinou tanto com o doador quanto com os recetores de forma a impedir que o sistema de defesa do corpo identificasse e reagisse às células "invasoras".

Os macacos também receberam drogas imunossupressoras e foram controlados durante 12 semanas.

As células melhoraram a função cardíaca, embora tenham sido observados irregularidades nos batimentos (arritmia), destacam os investigadores. Mas, o importante é que as novas células não foram rejeitadas.

Preço elevado

"Ainda temos alguns obstáculos, incluindo o risco de formação de tumores, arritmias, o custo, etc", enumerou, em declarações à agência France Presse, o coautor do estudo, Yuji Shiba, da Universidade Shinshu, do Japão.

Ainda assim, o cientista diz estar confiante de que as células cardíacas iPSC serão testadas em humanos "daqui a alguns anos".