Em declarações à agência Lusa, César Craveiro explicou que normalmente o médico se deslocava uma vez por semana a cada uma das duas extensões de saúde, periodicidade que foi interrompida a 08 de agosto, alegadamente devido a um problema de saúde do médico.

Segundo o autarca, desde essa data, o médico só esteve três vezes nas duas localidades (duas numa e uma noutra), o que considera “manifestamente insuficiente para as necessidades”.“Naturalmente que compreendemos a situação do médico, mas os responsáveis têm de encontrar uma solução e é isso que exigimos, porque a nossa população não pode ficar eternamente sem consultas e sem resposta médica”, disse.

César Craveiro garante que alertou por mais do que uma vez os responsáveis do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) da Cova da Beira, mas lamenta que, até à data, nada tenha sido feito. “Fizemos chegar exposições ao ACeS, designadamente com o conhecimento da Administração Regional de Saúde do Centro e do Ministério da Saúde, e a resposta que tivemos é que não têm médicos suficientes para as necessidades, mas essa explicação não nos resolve o problema. É preciso fazer alguma coisa porque a nossa comunidade não pode ficar ao abandono”, apontou.

O autarca lembra que as localidades em causa têm uma população maioritariamente idosa e a necessitar de cuidados de saúde constantes e que a eventual ida à sede de concelho (a cerca de 30 quilómetros) não é alternativa, já que os utentes não têm garantia de conseguir uma consulta, além de que a rede de transportes públicos não é a mais adequada, principalmente numa situação de doença.

“Os responsáveis pelos serviços de saúde não podem exigir que uma população maioritariamente idosa se desloque algumas dezenas de quilómetros para ter uma consulta, ignorando a debilidade dos doentes, os transportes públicos que não temos, as estradas sinuosas e esburacadas e as fracas reformas da generalidade das pessoas”, fundamenta num comunicado enviado à Lusa.

Lembrando que o direito à saúde está consagrado constitucionalmente e que deveria ser para todos, César Craveiro admite a possibilidade de a população adotar, ainda que de forma ordeira, outras formas de luta para reivindicar esse mesmo direito. “Preferimos a via do diálogo e esperamos que a situação seja resolvida rapidamente, mas também não nos podemos calar se nada for feito”, apontou.

A agência Lusa contactou o ACeS da Cova da Beira, mas até ao momento ainda não conseguiu falar com o diretor desta entidade.

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