5 de novembro de 2013 - 11h16
O Brasil anunciou que vai disponibilizar tratamento a todos os portadores do vírus do HIV, independentemente do estádio da doença, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA (ONUSIDA).
Os seropositivos passarão a receber medicamentos antirretrovirais assim que a doença tiver sido diagnosticada. Até agora, o país oferecia tratamento antirretroviral público apenas quando a contagem das células de defesa (CD4) do paciente caía abaixo do patamar de 500 células por milímetro cúbico de sangue.
Em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que os países oferecessem tratamento a pacientes com sida a partir do momento em que o sistema imunológico apresentasse este patamar, mas o Brasil já oferece tratamento neste nível desde agosto de 2012.
A decisão de alargar agora o tratamento é pioneira, uma vez que o Brasil é o único país que oferece terapia com antirretrovirais a todos os pacientes assim que a doença é diagnosticada. Na prática, o Brasil é o terceiro país a deixar de condicionar o tratamento gratuito ao número de células de defesa do paciente. Existem já programas semelhantes de tratamento independentemente do estádio da doença em França e nos Estados Unidos.
"Muitas pessoas fazem o teste, são diagnosticadas com o vírus e não voltam para fazer o tratamento. Quando retornam à rede de saúde pública, já estão com o número de CD4 muito baixo e começam o tratamento muito tarde", relata Georgiana Braga-Orillard, coordenadora da ONUSIDA no Brasil.
"O tratamento antirretroviral num estádio mais precoce da doença permite que as pessoas vivam por mais tempo e em melhor saúde, e reduz substancialmente os riscos de transmissão do vírus", frisa a OMS em comunicado.
Vários estudos já provaram que um tratamento antirretroviral precoce pode reduzir o risco de transmissão do vírus em 96%.

Brasil tem 36 mil novos casos de sida por ano

De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, mais de 100 mil pessoas deverão ser beneficiadas com a expansão da oferta de tratamento. 
Atualmente, 313 mil já recebem os medicamentos.
Segundo a coordenadora da ONUSIDA, ainda não é possível estimar o custo da ampliação do programa de tratamento de sida no Brasil. Atualmente, os medicamentos antirretrovirais custam 770 milhões de reais ao estado, de um total de mil e duzentos milhões de reais utilizados no combate à doença.
Estima-se que no Brasil existam entre 490 mil e 530 mil pessoas infetadas pelo vírus do HIV, sendo que cerca de 135 mil não sabem que têm a doença ou nunca fizeram o teste.
Por ano, é registada uma média de 36 mil novos casos, sendo que praticamente metade são jovens homossexuais.
SAPO Saúde com agências