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Pneumonias, por exemplo, estão a tornar-se cada vez mais mortais e resistentes a antibióticos
2 de maio de 2014 - 14h32
Fala-se da resistência aos antibióticos praticamente desde que eles apareceram, mas essa realidade parecia distante até há poucos anos. Porém, algo está a mudar. O alerta é da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A resistência antimicrobiana, como também é conhecida, ocorre quando uma bactéria sofre mutações e desenvolve características que a tornam imune à ação de medicamentos amplamente utilizados pela medicina no tratamento das doenças infecciosas, o que, na prática, faz com que medicamentos cada vez mais agressivos sejam utilizados no combate à bactéria ou, na pior das hipóteses, impeça a eficácia do tratamento.
Keiji Fukuda, Diretor-geral de Segurança da Saúde da OMS, afirmou, em um comunicado de imprensa, que "o mundo caminha para uma era pós-antibiótica, na qual infeções comuns e ferimentos leves, que têm sido tratáveis há décadas, poderão voltar a matar".
O relatório "Antimicrobial resistance: global report on surveillance" evidencia que a resistência aos antibióticos se dá de maneira generalizada entre as bactérias, mas atinge, em especial, sete micro-organismos responsáveis por doenças graves e comuns, tais como gonorreia, diarreia, pneumonia, infeções sanguíneas (toxemias) e do trato urinário (rins, bexiga, ureter e uretra).
Em alguns dos 114 países abrangidos pela investigação, o agente infeccioso Klebsiella pneumoniae, uma das principais causas de infeções hospitalares — e que pode provocar toxemia ou pneumonia —, resiste até mesmo às drogas de última instância, como as usadas quando os medicamentos comuns deixam de surtir efeito.
O tratamento para gonorreia, uma doença sexualmente transmissível que, segundo o relatório, contamina “mais de 1 milhão de pessoas” por dia, já falhou em dez países: África do Sul, Áustria, Austrália, Canadá, Eslovénia, França, Japão, Noruega, Reino Unido e Suécia.
Segundo o estudo da organização das Nações Unidas, conclui-se que o tempo de internamento hospitalar, a gravidade das doenças, a ineficiência do tratamento e a taxa de mortalidade decorrente das infecções tendem a aumentar.
O combate à resistência a antibióticos cabe aos órgãos governamentais, profissionais da saúde e pacientes. Incluem-se, na lista de atitudes para evitar o surgimento das resistências, a necessidade de que investigação e sondagens contínuas, o fornecimento de infraestrutura adequada de acesso a água e redes de esgotos, e a vacinação.
Os médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde devem, sobretudo, evitar a contaminação hospitalar seguindo regras de higiene pessoal e hospitalar, e apenas receitar antibióticos — cuja ingestão, pelo paciente, deverá ser perfeitamente adequada à prescrição médica — após meticuloso acompanhamento e precisa identificação da bactéria que causa a doença a ser tratada. Portanto, o combate ao excesso de diagnósticos é outra das prioridades. Para tal, é preciso mais formação médica.
Por SAPO Saúde
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