"O governo angolano decidiu vacinar toda a população-alvo, cerca de 24 milhões de pessoas", disse Luís Gomes Sambo num discurso perante a Assembleia Mundial de Saúde, que começou na segunda-feira e decorre até sábado em Genebra.

Angola tem 25,7 milhões de habitantes, segundo o censo de 2014.

Segundo o ministro, que até janeiro de 2015 era diretor da Organização Mundial de Saúde para a região africana, cerca de 12 milhões de vacinas foram adquiridas e oito milhões de pessoas já foram vacinadas no país.

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O ministro afirmou que o governo angolano mobilizou cerca de sete milhões de dólares de fundos domésticos para vacinas, medicamentos e custos operacionais da luta contra a febre-amarela, mas lembrou que o país, e o mundo, se confrontam com a falta de vacinas no mercado internacional.

"Estamos a negociar com a OMS e o Gavi (aliança para a vacinação) para promover o aumento da produção de vacinas e a sua disponibilização no mercado", disse Luís Sambo.

Num balanço da epidemia, que foi declarada em dezembro e que coincide com um aumento do número de casos de malária e mortes relacionadas, o ministro disse que até hoje foram registados 2.504 casos suspeitos, dos quais 761 estão confirmados.

Há registo de 299, o que representa uma taxa de mortalidade de 12% dos casos. A faixa etária mais afetada é de entre 15 e 29 anos e 75% dos casos são homens, afirmou o governante.

Lembrando que o mosquito vetor, o 'aedes aegypti', está espalhado por todo o país, Luís Sambo recordou que a doença se espalhou da província de Luanda a todas as outras províncias.

Acrescentou que o Governo de Luanda estabeleceu um grupo de trabalho, com parceiros-chave, e desenvolveu um Plano Nacional de Resposta, "que está em implementação".

"Pelo bem da segurança sanitária nacional e global, o Governo de Angola está totalmente empenhado e a assumir as suas responsabilidades para assegurar cuidados de saúde essenciais ao seu povo e parar a epidemia tão cedo quanto possível", disse ainda o ministro na sua intervenção de quase sete minutos, manifestando confiança no apoio e solidariedade internacionais.

Após uma reunião de peritos convocados na semana passada, a OMS anunciou que surto de febre-amarela em Angola é grave e deve ser vigiado, mas não representa uma emergência sanitária de alcance internacional.

O comité de peritos afirmou que apesar do surto de febre-amarela não representar na situação atual uma ameaça para a saúde pública internacional, é um risco para Angola e para a República Democrática do Congo.