A ministra da Saúde assegura que a reestruturação dos horários dos centros de saúde vai continuar, sublinhando que as alterações já introduzidas permitiram transformar horas que eram “vazias de doentes” em "horas de consultas" médicas.

“Quando se organiza um centro de saúde, reduzindo o tempo noturno, que não tinha habitualmente procura de doentes, essas horas são transformadas em horas de consulta e isso vai aumentar a capacidade de resposta aos utentes”, disse à agência Lusa Ana Jorge, a propósito da falta de médicos nos centros de saúde.

A ministra defende que "é fundamental fazer a reestruturação nos locais onde se impõe fazer”, mas nunca “abruptamente”. É preciso explicar às populações que não se trata de retirar direitos aos utentes, “antes pelo contrário”: “Tem um objetivo muito concreto que é aumentar o número de horas de consultas”.

A sustentar estas decisões está um “estudo feito há muito tempo”, mas também dados mensais da “procura e do fluxo de doentes nas diferentes unidades”.

“Há mais de 10 anos que sabemos qual é o fluxo de doentes em determinados centros de saúde e horários”, sustentou, adiantando que estes dados permitem garantir que “as alterações nesses locais não vão afetar [os utentes], antes pelo contrário, vão aumentar a capacidade de resposta”.

Estas reestruturações envolvem as autarquias e as comissões de utentes, diz Ana Jorge, que acrescenta que é preciso também envolver a população e fazê-la perceber que há ganhos nesta reestruturação: “Por um lado, estamos a dar mais horas de consulta e, por outro, conseguimos gerir melhor o dinheiro das pessoas”, realça.

“Estávamos a pagar, por exemplo, horas extraordinárias, que vêm do orçamento do Serviço Nacional de Saúde e que não são transformadas em consultas médicas porque não há doentes a essa horas”, exemplificou.

"Compete-nos a nós gerir melhor o dinheiro da população para poder prestar melhores cuidados. É isso que temos vindo a fazer e que às vezes não é compreendido, mas é com esse objetivo”, frisou ainda.

Ana Jorge está convicta de que este processo continuará a ser “sereno”. Há concelhos onde as pessoas que manifestaram receio com o que ia acontecer e vieram dizer que afinal foi melhor porque agora têm mais horas de consulta, contou a ministra.

Outra situação que está a afetar alguns centros de saúde é a falta de médicos de família, agravada pelos pedidos de reforma antecipada. Atualmente, cerca de meio milhão de portugueses não tem médico de família.

Segundo Ana Jorge, regressaram ao Serviço Nacional de Saúde 110 médicos aposentados ao abrigo de um regime especial criado pelo Governo. “É pouco, mas apesar de tudo ainda não estão fechados os processos”, diz Ana Jorge.

“Há de facto algumas falhas de médicos no país, nas diferentes especialidades, e mais acentuada na medicina geral e familiar. Isto é um processo que não é novo”, acrescentou. Contudo, admitiu, esta situação poderá ter-se agravado no último ano, “uma vez que houve reformas que não eram esperadas”.

07 de fevereiro de 2011

Fonte: LUSA/SAPO