Numa ação que marca o Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho, a Quercus vai estar na escadaria principal da Assembleia da República, com um representante do Sindicato dos Trabalhadores das Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, para deixar aos grupos parlamentares e aos representantes dos partidos um "Dossier Amianto".

O objetivo é "sensibilizar e alertar os deputados para a falta de proteção dos trabalhadores públicos quanto aos riscos de exposição ao amianto porque o levantamento dos edifícios públicos não está concluído", disse à agência Lusa Carmen Lima, da Quercus.

Os elementos da associação de defesa do ambiente vão estar equipados com máscaras e fatos de proteção individual contra riscos de exposição ao amianto.

"Não foi feita a avaliação dos riscos, nem sinalizadas as situações que deverão ser protegidas e intervencionadas, por exemplo, para a remoção de materiais com amianto, e também não foi feito qualquer rastreio médico aos trabalhadores", mesmo no caso de situações em que "foi identificada a existência de materiais com amianto e apareceram trabalhadores com doenças que se suspeita terem sido provocadas por exposição a fibras" da substância, relatou a especialista da Quercus.

A Quercus recorda que está comprovado o risco das fibras e a relação casual entre a sua exposição e o desenvolvimento de doenças como cancro, levando o Comité Económico e Social Europeu a considerar este assunto "prioritário".

A ambientalista referiu que "a maior fragilidade do levantamento é a falta de articulação entre os vários organismos e a falta de coordenação do trabalho".

"Continuamos a verificar que os trabalhadores da função pública desconhecem se estão expostos ao risco de exposição a fibras de amianto e não existem medidas de proteção", acrescentou.

O dossier contém informações acerca dos riscos de exposição, regras legais e falhas apontadas pela Quercus, além das diligências que já realizou nesta matéria, visando, por exemplo, a definição de um interlocutor no Estado para o tema e de um Plano Nacional Estratégico para o Amianto.

Na terça-feira, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, anunciou aos deputados da comissão parlamentar do Ambiente, que o seu ministério iria coordenar os trabalhos relacionados com o amianto em edifícios públicos, devendo ser cerca de 2.000 os imóveis que "presumivelmente poderão ter" materiais com a substância.

Em julho de 2014, foi divulgada a lista de 2.015 edifícios, distribuídos pelos ministérios, representando 16% do total dos imóveis detidos pelo Estado, e alguns trabalhos terão sido listados e realizados, tarefas que a Quercus dizia estarem incompletas já que faltava confirmar a existência de amianto, verificar se existiam pessoas expostas a esses materiais e sinalizar as situações de risco.