28 de maio de 2013 - 10h21
O tratamento de toxicodependentes na Europa atingiu níveis recorde, mas é preciso investir em novas intervenções e na reinserção social, defende a agência europeia de controlo das drogas num relatório hoje divulgado.
No Relatório Europeu sobre Drogas 2013, a que a Lusa teve acesso, a agência europeia de informação sobre droga (EMCDDA - Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência, na antiga sigla designação em português) alerta para a necessidade de investir mais em políticas de saúde dirigidas aos toxicodependentes, sobretudo para tratar a hepatite C e prevenir as ‘overdoses’.
Para os responsáveis do relatório, “o tratamento da toxicodependência será, provavelmente, uma opção política eficaz em termos de custos, mesmo em tempos de austeridade económica”.
O EMCDDA estima que pelo menos 1,2 milhões de europeus tenham recebido tratamento por consumo de drogas ilícitas em 2011, sendo que os consumidores de opiáceos constituem o maior grupo em tratamento, seguido pelos consumidores de canábis e os de cocaína.
“Com a Europa ainda a enfrentar um crescimento económico negativo, um aumento das taxas de desemprego e de cortes na despesa pública, existe o risco dos orçamentos disponibilizados para a saúde, a manutenção da ordem pública e as medidas de segurança serem afetados”, sublinhou o presidente do Observatório Europeu para as Drogas, João Goulão, citado no documento.
Segundo acrescentou, a agência tem recebido relatórios “de vários países europeus sobre cortes efetuados em serviços relacionados com as drogas”, mas “é necessário reforçar a mensagem de que o tratamento da toxicodependência continua a ser a opção mais eficaz em termos de custos, mesmo em tempos económicos difíceis”.
Para a agência europeia, sediada em Lisboa, negligenciar as necessidades sociais dos consumidores de droga pode comprometer as suas possibilidades de recuperação a longo prazo.
Segundo o EMCDDA, todos os países referem atualmente a existência de serviços de reintegração social, o que “pode ajudar a melhorar as competências sociais, a promover a educação e a empregabilidade e a dar resposta às necessidades de habitação”, mas os níveis de oferta são, em geral, “insuficientes”.
Dos utentes que iniciaram o tratamento especializado da toxicodependência, cerca de metade (47%) estavam desempregados, e quase um em cada dez (9%) não tinham uma casa estável.
O este grupo caracteriza-se também por um baixo índice de escolaridade, tendo 36% completado apenas o ensino básico.
A entidade adverte ainda para uma lacuna no que se refere à continuidade do tratamento de toxicodependência os reclusos entre a comunidade e a prisão.
O relatório anual do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência foi, este ano, divulgado seis meses antes da data habitual, numa nova estratégia orientada para um aumento da rapidez e da eficácia, disse uma responsável daquela organização.
O documento, que este anos faz um o panorama promenorizado das drogas e da toxicodependência nos países da União Europeia, na Noruega, Croácia e Turquia, é normalmente divulgado em novembro, mas o Observatório decidiu dar preferência a uma informação mais atual temporalmente.
Lusa