Os cancros do cólon e do reto, com determinadas mutações genéticas, reagem à administração de altas doses de vitamina C ao ponto das células acabarem por morrer, conclui um estudo publicado esta quinta-feira na revista Science.

Depois de décadas de especulação sobre os eventuais efeitos anticancerígenos da vitamina C, foi finalmente possível comprovar essa toxicidade em larga escala.

"A terapia anticancro com vitamina C em altas doses tem uma história controversa", escreve Lewis Cantley, líder da equipa, da Universidade Cornell, Estados Unidos.

"Enquanto alguns dos primeiros estudos sugeriam que ela tinha uma atividade antitumoral, outros mostraram que esses efeitos eram reduzidos", cita o jornal Público.

"A única forma de se atingir concentrações que sejam tóxicas para as células cancerosas é a via endovenosa e não a via oral", salientam, comentando o facto de em estudos anteriores a administração de vitamina C não ter sortido efeito evidente.

Nas experiências agora realizadas, os cientistas constataram que a injeção de altas doses de vitamina C - mais ou menos 300 laranjas - perturba o crescimento dos tumores colorretais com mutações de um de dois genes:  KRAS ou BRAF.

É importante ainda salientar que o estudo conclui que não são as propriedades antioxidantes da vitamina C que provocam a morte das células cancerosas, mas sim o efeito tóxico da mesma sobre as membranas celulares. As células cancerosas possuem, à sua superfície, quantidades muito superiores de um recetor, o "GLUT1", do que as células normais. Esse recetor, que permite a entrada da glucose nas células - a principal fonte de alimentação dos tumores -, também permite a entrada da vitamina C oxidada.

"Embora as células normais também tenham à sua superfície recetores GLUT1, as células com o gene KRAS ou BRAF mutado têm muitos mais, porque precisam de absorver muito mais glucose para sobreviver e crescer", diz Cantley.