O silêncio da noite pode ser uma bênção para muitos, mas para outros, é interrompido pelo som peculiar do ressonar. Este fenómeno, muitas vezes desvalorizado, merece uma compreensão mais profunda.

Quando adormecemos, esperamos um refúgio tranquilo do caos diário. No entanto, para aqueles que ressonam, ou para quem dorme ao lado, o sono pode ser uma sinfonia de sons incómodos e ininterruptos.

E porque é que este som acontece? A origem deste fenómeno reside na vibração dos tecidos da faringe. Bem, imagine que está a tentar respirar através de um tubo estreito. O ar tem de forçar a passagem, certo? No caso da roncopatia, o “tubo” é a nossa via aérea superior, que tende a estreitar-se durante o sono. Durante o sono, os músculos do corpo relaxam, incluindo os da garganta e língua. Este estreitamento faz com que o ar tenha de “lutar” para passar. Quando o ar passa através das vias respiratórias, estes tecidos relaxados podem vibrar, resultando no som característico do ressonar.

É importante destacar que ressonar nunca é normal. Embora muitas pessoas possam encarar a roncopatia como uma inconveniência menor, pode ser um sinal de problemas subjacentes mais graves, como a apneia do sono. Esta condição, caracterizada por interrupções na respiração durante o sono, está associada a complicações cardiovasculares e outros problemas de saúde.

As causas da roncopatia são variadas e podem incluir alterações anatómicas da via aérea superior, incluindo o nariz, bem como obstrução nasal devido a alergias ou rinossinusites, amígdalas ou adenoides aumentadas, obesidade, consumo excessivo de álcool, tabagismo e até mesmo a posição de dormir. Além disso, a idade também desempenha um papel significativo, uma vez que os tecidos da garganta tendem a perder elasticidade com o tempo, aumentando assim o risco de ressonar. Embora a prevalência da roncopatia aumente com a idade, é muito frequente em idade pediátrica e pode também afetar os adolescentes.

Em Portugal, estima-se que mais de 20% da população adulta sofra de roncopatia, um número que sublinha a relevância deste problema de saúde. Não é apenas uma questão de barulho desagradável durante a noite; a roncopatia pode indicar um problema de saúde mais grave, como a síndrome de apneia do obstrutiva do sono. A roncopatia é o início de um espectro de perturbações respiratórias do sono, que vão evoluindo com o tempo.

Assim, para quem ressona, é fundamental uma avaliação em consulta com um médico especialista em roncopatia e apneia do sono, permitindo um diagnóstico e tratamento eficazes. Desde soluções simples, como mudanças no estilo de vida, até intervenções médicas e cirúrgicas mais avançadas, há uma variedade de opções disponíveis para ajudar a restaurar uma noite de sono tranquila e reparadora.