Todos nós, em alguns momentos da nossa vida, já nos sentimos em perigo, já nos deixamos envolver pelo medo e até dominar por ele. A verdade é que o medo é uma emoção natural que nos protege e que nos leva a encontrarmos segurança necessária para mantermos o equilíbrio.

Ainda assim, quantas vezes, mesmo sem existir um perigo eminente, nos deixamos soçobrar pelo medo e, em resposta ao medo, condicionamos os nossos objetivos, as nossas relações e, no limite, a nossa vida?

Muitos dos nossos medos são, regra geral, reflexo das nossas histórias de vida e das nossas experiências, o nosso interior procura proteger-nos de tudo aquilo que já foi anteriormente desconfortável ou perigoso para nós e envia-nos sinais de perigo em situações similares, que na verdade podem - atualmente - já não acarretar o mesmo perigo.

Um exemplo paradigmático disto é a forma como muitas vezes, mobilizados pelo medo, deixamos de confiar em relações amorosas: a partir de uma experiência menos positiva que nos faz sentir inseguros, não nos permitimos viver uma relação de forma livre, com confiança em quem está connosco, porque inconscientemente temos medo que a nossa história se repita e que saíamos de novo magoados.

No fundo, é à custa de tudo isto, que ao longo da vida vamos ficando mais na defensiva, mais protegidos de todos os possíveis ataques exteriores, principalmente, mais a medo. Porque de experiência em experiência, vamos guardando tudo aquilo que nos deixou em perigo dentro de nós e vamos deixando que, isso, se torne uma bússola. Tudo isto só é mau, porque a certa altura, não nos permitimos viver longe dos condicionamentos anteriores e, o que desperta em nós na sequência deste medos excessivos é, principalmente, mal estar.

Por tudo isto, devemos olhar para o nosso dia a dia e, sempre que temos medos de forma padronizada, a afetar a nossa dinâmica de vida, é fundamental, permitimo-nos a refletir e, seja qual for o tipo de medo que nos está a assolar, sermos capazes de o enfrentar, de o desconstruir, de percebermos de forma muito clara a mensagem que ele nos está a trazer e, só depois disso, podemos libertar-nos do medo e viver de forma mais fluída e tranquila.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.