Importa abordar as doenças cardíacas mais comuns nas crianças, a que sinais e sintomas devem os pais estar atentos e quais os tratamentos que existem atualmente para estas situações.

Quais são as doenças cardíacas mais comuns em idade pediátrica e qual a prevalência?

Felizmente as doenças cardíacas são raras em crianças. Há algumas doenças inflamatórias ou infeciosas que podem causar problemas cardíacos, mas é raro encontrar doenças cardíacas como nos adultos. A grande prevalência são cardiopatias congénitas, ou seja, malformações cardíacas com que a criança já nasce. Estas malformações surgem em cerca de 8 por cada mil recém nascidos, as quais podem ser triviais, sem importância clínica, e que permitem uma vida normal ou tão graves que obrigam a intervenções cirúrgicas nos primeiros dias de vida.

Quais as causas destas patologias e de que forma podem ser evitadas?

Em muitas dessas doenças é possível identificar uma causa genética, ou seja, uma mutação num gene, ou transmitida pelos pais ou que apareceu de novo, mas na maioria das situações a causa é multifatorial. Existe uma grande variedade de interações entre vários genes, com ativações e inibições da sua expressão, muitas causadas pelo ambiente (os chamados fatores epigenéticos) que tornam muito difícil determinar a causa exata.

A que sinais e sintomas de doença cardíaca devem os pais estar atentos?

A maioria dos sintomas que se pensa serem de origem cardíaca, felizmente não o são. O coração e o sistema circulatório são um conjunto muito ativo, sempre a funcionar e a adaptar-se ao meio exterior pelo que a criança entende essas situações como sendo cardíacas. Geralmente o coração não dói mas pode provocar incomodidade como batimentos fortes ou acelerados.Os sintomas de doença cardíaca percebem-se de outra forma, como dificuldades em crescer, cor azulada, sinais de falta de ar ou incapacidade para os esforços.

Em que situações se deve procurar um cardiologista pediátrico?

A consulta com o Cardiologista Pediátrico deve ser sempre orientada pelo Pediatra assistente, o qual identifica esses sinais de possível doença cardíaca ou outros como auscultação cardíaca anormal ou batimentos irregulares. Todas as crianças devem ter um médico assistente de confiança - o Pediatra  que concentre toda a informação sobre a sua saúde e oriente para as especialidades adequadas, entre elas a Cardiologia Pediátrica. Se houver doença cardíaca, neste caso a criança deverá ser acompanhada pelo Cardiologista Pediátrico.

Quais os tratamentos existentes?

Felizmente existem atualmente tratamentos para praticamente todas as situações, mesmo as doenças mais graves. Nessas doenças muitas vezes uma cirurgia cardíaca resolve completamente o problema, mas noutras apenas se consegue melhorar a vida do doente, necessitando de seguimento e vigilância a vida toda. Mas na grande maioria das situações apenas é necessário manter um acompanhamento médico regular e poderá ser necessário tratamento através de medicação. Contudo, cada caso é um caso e deve ser avaliado individualmente pelo que o tratamento é sempre personalizado para cada criança.

Um artigo de José Monterroso, especialista em Cardiologia Pediátrica no Hospital CUF Porto e Instituto CUF Porto.