O amor é talvez a principal alavanca de vida para o Ser Humano, se pensarmos bem é o amor que nos faz agir, que nos faz fazer grandes mudanças e que, no limite, nos prende à vida. 

E quando assim é, não há como ser imune à dor e ao sofrimento, são as coisas mais importantes da vida, que mais nos fazem sofrer precisamente por toda a importância que têm. 

Assim, todos sabemos que são os desgosto de amor que - regra geral - mais nos derrubam e que mais impacto têm dentro de nós. Não há desgostos de amor que surjam de surpresa, há sempre sinais que nos vão abrindo a porta para eles, no entanto, porque doem tanto preferimos não os ver, preferimos deixar a porta bem fechada. E quando de repente explode, confrontamo-nos com a nossa fragilidade e com a perda, sendo certo que as perdas em vida são dolorosas, porque implicam a perda de alguém que existe e que escolhe estar distante. 

Dessa forma é muito claro que os desgostos de amor, ganham proporções que contaminam o dia a dia e o bem-estar. Para sobreviver a eles é essencial, começar por:

1. Permitir-se a vivenciar a perda

Vivenciar toda a dor inerente à perda e expressá-la é absolutamente fundamental, por muito doloroso que seja, é esse passo que, posteriormente, permite a libertação da dor e seguir em frente. Se optarmos por fingir que nada está a acontecer e não vivenciarmos a perda, isso gerará consequências a longo prazo quer para as novas relações, quer para o nosso bem-estar emocional. 

2. Cultivar o amor próprio

Encontrar dentro de nós pontos positivos, áreas em que nos auto valorizamos e em que nos sentimos fortes e trazê-las à consciência. Este movimento não anula - nem deve anular a dor - apenas permite gerar uma alavanca de coragem para a enfrentar e a ultrapassar.

3. Garantir uma rede de suporte

Garantir que não se está sozinho é essencial. O luto implica momentos a sós, momentos de isolamento essenciais para a reorganização interna. No entanto, a par com esses momentos, é essencial que se criem bolhas de oxigénio, em que se tem suporte de amigos e de familiares. Esse suporte é fundamental para nos sentirmos habitados por dentro e, por isso mesmo, capazes de enfrentar a adversidade.

Para além disso, lembremo-nos que quer queiramos, quer não, todos os amores e todas as relações são para sempre, é impossível que assim não seja. Por muito que nos esforcemos para apagar, todas as vivências - boas ou más - ficam registadas no nosso interior e acabarão por, de uma forma ou de outra, nos acompanhar para sempre e, eventualmente, moldar as relações futuras. Por isso, é tão importante vivenciar as perdas com toda a carga emocional que lhes são exigidas, libertando-nos dos lados menos bons.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.