A iniciativa “Saudade Portuguesa”, inserida nos 25 anos da ESHTE provou que a cozinha também casa bem com multidisciplinaridade e sustentabilidade. Veja-se neste caso: comida elaborada com base no plano curricular dos alunos do mestrado atrás referido, cerâmicas desenhadas pelos alunos de Design de Produto da Faculdade de Arquitetura e uma ementa onde sobressaíram as leguminosas, enquanto alimento celebrado pela ONU em 2016.
“A Saudade Portuguesa” (ver vídeo na integra aqui) traduziu-se, assim, numa experiência que visou proporcionar aos convidados uma viagem de reinterpretação da gastronomia portuguesa, procurando não perder a sua identidade. Uma mesa onde se sentaram, entre outros, o chefe João Rodrigues (Restaurante Feitoria), o crítico gastronómico Virgílio Gomes, a jornalista Alexandra Prado Coelho, a designer Rita Filipe, Maria João Pires, coordenadora do Mestrado em Inovação em Artes Culinárias.
Quanto ao jantar propriamente dito extrapolou da dimensão alimentar, casando-a com uma narrativa em torno do tema proposto, com música e cenário montado. Uma viagem à mesa que arrancou, em terra, com o melão e o presunto serrano. Entre a terra e o mar, uma carne de porco e amêijoa. Já em alto mar, ao sabor das ondas, os comensais avistaram, no prato, uma ilha, numa referência aos nossos descobrimentos. Com sabores mais ou menos conhecidos fizeram a passagem do mar para terra com o feijão-verde e os legumes do mar.
Numa referência à forma como os portugueses absorveram o que as outras culturas têm de melhor e polinizaram sabores pelo mundo, deu-se o regresso a alto mar acompanhado pelo bacalhau. A viagem foi longa, com a descoberta de novos mundos, sabores, cores e texturas, mas numa valorização do nacional, os comensais foram levados até ao bosque numa aventura denominada caçada, com uma peça de caça, legumes e terra comestível.
Para o final do repasto, os alunos procuraram na tradição portuguesa a sabedoria das mães e avós e os segredos dos conventos, tendo sido proposta aos convidados uma visita à serra da Estrela com o Requeijão de Seia e ao Algarve com o mel de laranjeira, seguida de um reviver de receitas centenárias como a do arroz doce ou do pudim abade de priscos.
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