Alguém disse ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, logo à entrada, para não perder os salgadinhos. É que uma inauguração (neste caso, uma cerimónia de reabertura) nem sempre tem de ser tão solene e a ocasião pedia, até, uma certa informalidade. O autarca trata, pois, de resumir o discurso para conseguir chegar a tempo de provar algum dos famosos salgadinhos, que desapareciam rapidamente. Não sem antes “agradecer a devolução deste espaço à cidade”, porque não obstante todas as novas tendências que invadem a capital, “a cidade não vive sem aquilo que é autêntico, que é tradicional, que é nosso”.

Emocionado, o novo dono da Mexicana falou no enorme investimento (superior a dois milhões de euros) e nos “longos oito meses de obras” empregues neste espaço histórico de Lisboa. Empresário da restauração há cerca de 30 anos, Rogério Pereira comprou o estabelecimento da Praça de Londres em 2015 e logo quis recuperar a grandiosidade de outros tempos. O responsável já tinha garantido que pretende voltar a ver a Mexicana como “um espaço de eleição e de referência, que volte a ganhar prémios de melhor pastelaria e a ser um ponto de encontro de várias famílias”. A pastelaria tinha aberto ao público a 5 de dezembro, mas foi só 18 de fevereiro que se oficializou a ocasião. Além do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, marcaram presença Rui Nabeiro, da Delta, e Mário Pereira Gonçalves, presidente da AHRESP, além de Querubim Lapa, autor do painel de cerâmica que caracteriza este espaço.

Para além dos novos balcões e equipamento, à primeira vista não se notam muitas diferenças no interior da Mexicana. E ainda bem: no Salão (agora Restaurante) continua a apreciar-se o referido painel cerâmico, considerado monumento de interesse público; bem como os periquitos no mini jardim, separados da zona de comidas por um vidro.

Segundo o mais antigo funcionário da casa, Luís Nobre, que aqui trabalha há 42 anos, “recuperou-se a traça de origem da Mexicana, agora está igual a 1972”. Para o chefe de sala, este é um “espaço espetacular, um salão único” que era “a casa mais famosa de Lisboa”. Luís Nobre adianta que além dos balcões, a Mexicana recuperou o anterior chefe de pastelaria, que entretanto tinha saído. Uma forma de garantir a qualidade dos Garibaldi, Esquimó, Trouxa-de-ovos, Bolo-Rei, Lampreia de ovos e Mexicana (um bolo seco com amêndoa e noz) que são especialidades da casa.

Na cozinha, Luís Nobre defende a honra do Bife e do Bacalhau à Mexicana.
Aguarda-se para breve a abertura da Taberna Portuguesa a funcionar no piso inferior, que irá servir petiscos tradicionais e uma ampla escolha de vinhos e cervejas.